O mercado brasileiro amanheceu com aquele déjà-vu institucional: Brasília transforma tudo em uma grande panela de pressão — e, quando sobe o vapor, quem empana é o investidor. A indicação de Jorge Messias ao STF provocou um chilique nada discreto no Senado, especialmente em Davi Alcolumbre, que tinha outro nome na manga. O economista Daniel Teles, no Programa Mercado, resumiu o estrago: “misturam tudo, sempre”, lembrando que a sabatina não será tranquila e que qualquer atrito político vira ruído fiscal — exatamente o tipo de barulho que derruba humor e eleva prêmio de risco.
O timing não poderia ser pior. No mesmo dia em que o Senado engole seco a indicação ao Supremo, surge na Câmara uma pauta-bomba de R$ 6 bilhões para ampliar aposentadorias de agentes de saúde. A coincidência — ou não — transforma um desgaste político em um problema orçamentário. Para Teles, o recado ao mercado é péssimo: enquanto o governo tenta passar confiança sobre responsabilidade fiscal, avança um projeto que pressiona gasto permanente, agrava projeções de dívida e sinaliza que o ajuste continua sem um plano crível. Para o investidor estrangeiro que decide se aporta dólares aqui ou não, é um aviso claro: o fiscal segue vulnerável e cada briga política vira custo.
O resultado é um país que perde tração justo quando a B3 ensaiava voo mais alto. A bolsa flertou com 159 mil pontos nas últimas semanas, mas — como lembrou Teles — poderia estar muito acima se o Brasil não tropeçasse sempre nas mesmas pedras: imprevisibilidade fiscal, comunicação truncada e disputas de ego entre Planalto, Câmara e Senado. Com volatilidade global, decisão de juros nos EUA se aproximando e dados do mercado de trabalho americano atrasados pelo shutdown, o investidor já tem preocupações suficientes. Brasília, como sempre, ajuda pouco — e complica rápido.
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