Grupo Safras corre contra o tempo para afastar risco de falência
Tribunal de Justiça suspendeu a recuperação judicial e liberou que credores executem suas dívidas, o que inviabiliza a continuidade do grupo

Com dívidas de 1,8 bilhão de reais, o Grupo Safras corre contra o tempo para restabelecer a recuperação judicial. Na sexta-feira, 30, a desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Marilsen Addario, suspendeu o processo sob argumento de ‘falta de transparência documental” e “irregularidades financeiras”.
Na teoria, a decisão é válida por 180 dias; na prática, ela inviabiliza a continuidade do grupo. Isso porque a desembargadora liberou aos credores a possibilidade de execução de suas dívidas junto ao Grupo Safras. No sábado, 31, a agropecuária Locks, credora, autora do agravo que suscitou a decisão da desembargadora, já sequestrou cinco colheitadeiras do grupo.
Curiosamente, a Locks, que possui cerca de 6 milhões de reais em créditos a receber do Grupo Safras, sequestrou o equivalente a 15 milhões de reais em colheitadeiras. Uma delas, inclusive, sob alienação judiciária.
Como a Locks, outros credores também já foram para cima do Grupo Safras. Contas foram bloqueadas e grãos apreendidos. Internamente, o grupo acredita que não sobreviverá por mais três semanas se a decisão que suspendeu a recuperação judicial não for revista.
Nesta segunda-feira, 2, o Grupo Safras deve entrar com pedido de reconsideração no Tribunal de Justiça. Eventuais inconsistências contábeis, que não foram apontadas por auditoria nem pelo Ministério Público, serão corrigidas.