Galípolo terá vida mais fácil que Campos Neto no BC, diz Meirelles
Há menos de um mês da posse de Galípolo, ex-presidente do Banco Central tranquiliza sobre eventuais pressões que ele pode sofrer do Planalto
O economista Gabriel Galípolo, que vai assumir a presidência do Banco Central em menos de um mês, terá uma vida mais fácil à frente da política monetária nacional do que seu antecessor, Roberto Campos Neto. A avaliação é do ex-presidente da autarquia que permaneceu por mais tempo no cargo (2003-2011), Henrique Meirelles. A questão é centrada na relação entre o chefe do BC e a Presidência da República, hoje ocupada por Luiz Inácio Lula da Silva. “Lula é essencialmente um ser político. O problema do Roberto Campos Neto (para o Lula) é que ele foi nomeado por Bolsonaro”, disse Meirelles durante evento na sede da Warren Investimentos, na terça-feira, 3. Segundo o ex-presidente do BC, o fato de Galípolo ter sido nomeado por Lula o torna muito menos suscetível a críticas por parte do presidente mesmo se o Banco Central seguir uma direção de forte aperto monetário, que não agrada em nada o petista. Politicamente, não faria sentido Lula concentrar críticas em quem ele mesmo indicou e, graças à autonomia operacional do BC, não pode demitir. No entanto, Meirelles chama a atenção para o histórico do presidente Lula. “Eu te nomeio para um lugar e você fica independente de mim?”, foi a frase dita por Lula a Meirelles na época de sua nomeação ao BC, no final de 2002, segundo o economista. Durante sua estadia na autoridade monetária, quando esta ainda não tinha autonomia operacional, Meirelles respondeu à posição de Lula de forma eloquente: “O senhor tem a prerrogativa de me demitir, mas isso é um problema seu, não meu”, contou a um grupo de investidores durante o evento desta semana.