Faculdade Oswaldo Cruz é alvo de embate entre família e empresário
Grupo familiar alega que aquisição do controle da instituição foi fraudulenta

O controle da Faculdade Oswaldo Cruz é objeto de uma disputa acalorada entre o grupo familiar que detém a instituição, espólio de Maria Teresa Quirino Simões, filha do fundador da faculdade falecida em 2022, e o empresário Milton Rodrigues. Durante seu processo de recuperação judicial, em 2023, a administração geral da instituição de ensino foi passada à Corbacho, consultoria em gestão empresarial da qual Rodrigues seria sócio oculto. O arranjo, efetuado com a venda de cotas sociais do grupo, foi sugerido pelo advogado criminalista Ricardo Hasson Sayeg, segundo a família. Meses depois, o grupo familiar alega ter sido enganado num contexto de aquisição hostil e fraudulenta, e se movimenta na Justiça com o intuito de anular o contrato firmado para reaver o controle total da empresa aos herdeiros.
Em pedido de tutela de urgência enviado em janeiro à 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo, os advogados do grupo familiar pontuam que a Corbacho teria realizado uma “alienação de bens imóveis (das faculdades Oswaldo Cruz) sem anuência da herdeira incapaz do espólio, ora Fátima Quirino Simões”. Para os herdeiros, o patrimônio da instituição está sendo dilapidado, e sua sustentabilidade financeira, profundamente ameaçada. Os ativos imóveis das faculdades Oswaldo Cruz giram em torno de 135 milhões de reais, diz o pedido judicial. O principal alvo do documento é o empresário Milton Rodrigues, sócio da Viação Itapemirim à época de escândalos e acusações de fraude contra a empresa de transporte rodoviário. “Não se está diante de quem nunca se envolveu com a prática de ilícitos penais”, diz Marcelo Hajaj Melino, um dos advogados da família, em acusação contra o empresário.
A reportagem procurou a atual direção da Faculdade Oswaldo Cruz, mas não teve retorno. Também procurado, o empresário Milton Rodrigues não se manifestou sobre o caso até o momento da publicação. Em nota enviada à coluna, o advogado Ricardo Hasson Sayeg disse que “os envolvidos no contrato de transferência de administração estavam plenamente cientes dos termos e das condições do negócio – conduzido com total transparência, dentro dos parâmetros legais – e ostensivamente acompanhados de seus advogados pessoais de confiança, conforme os respectivos documentos”.
Correção: A administração da Faculdade Oswaldo Cruz foi passada à Corbacho pelo valor do passivo declarado mais 100 reais, mas a transação também contou com um “pagamento adicional” de 12,5 milhões de reais ao final do processo, como consta em cláusula do contrato de aquisição.