Executivo da Americanas foge como o diabo da cruz de depoimento na PF
Diretor da empresa invocou o artigo 5º da Constituição para não depor

Em meio às investigações que apuram o rombo bilionário provocado pelas inconsistências contábeis da Americanas, o executivo Marcelo da Silva Nunes se valeu de uma estratégia pouco ortodoxa para escapar da convocação para depoimento na Polícia Federal, no Rio. Diretor financeiro do braço digital da empresa, a B2W, entre 2016 e 2021, e, posteriormente, diretor financeiro de todo o grupo, Nunes invocou o artigo 5º da Constituição para não depor. Seu advogado, o criminalista Davi Tangerino, famoso por ter o jogador Neymar entre seus clientes, encaminhou uma petição ao delegado Acen Amaral Vatef, no dia 10 de março, em que manifestava a “vontade” de Nunes “exercer o seu direto constitucional ao silêncio, razão pela qual requer dispensa de seu comparecimento à oitiva designada para o próximo dia 15 de março”.
No documento, ele acrescenta que o pedido se dá “sobretudo à vista das referências que foram feitas à sua pessoa por parte de Fábio da Silva Abrate por ocasião de seu depoimento”. Abrate também ocupou o cargo de diretor financeiro e da empresa. O delegado não aceitou o pedido e manteve o depoimento. No entanto, por meio de um habeas-corpus impetrado por seu advogado, Nunes até hoje não disse uma palavra a respeito do caso. Tanto Nunes como Abrate foram afastados de suas funções na empresa logo após a eclosão do escândalo contábil, em fevereiro. Ambos estão entre executivos cuja convocação foi requerida na CPI das Americanas, a partir de um pedido feito pelo deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA). O requerimento ainda não foi colocado em votação.
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