EUA estão ficando para trás em bitcoin, diz diretor da Coinbase no Brasil
Chefe regional da corretora prega importância de regulação e diz que o Congresso americano deve agir
Os Estados Unidos estão deixando a desejar no debate sobre regulamentação do mercado de bitcoin, inclusive sendo apontados como mais atrasados do que economias como o Brasil, segundo Fabio Plein, diretor regional da corretora Coinbase no Brasil. Apesar de fundos de índice de bitcoin (ETFs) terem sido regulamentados pela Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) no início deste ano, Plein vê pouca proatividade por parte do órgão frente ao mercado em ascensão. “A SEC tem escolhido regulamentar por litígio. Enquanto o resto do mundo está avançando nesse debate, os Estados Unidos estão ficando para trás. Seria fundamental nesse cenário americano o Congresso dar um passo adiante e propor um formato de legislação que traga essa clareza regulatória para a indústria cripto nos Estados Unidos, semelhante ao que ocorreu no Brasil em 2022”, diz em entrevista ao Radar Econômico.
Para o executivo, o Brasil está na fronteira da regulação do criptoativo, levando em conta que o Banco Central está liderando a discussão no país e visa uma novas regras para o setor. “A expectativa é que, em algum momento ao longo deste ano, tenhamos uma regulamentação do BC específica para a indústria. Acredito que deve acontecer no segundo semestre. No momento, inclusive, uma consulta pública está sendo feita”, diz Plein. Na contramão da tendência, o executivo afirma que a SEC decidiu regular os ETFs de bitcoin nos EUA não por iniciativa própria, mas porque teria cedido à pressão do mercado. Grandes nomes do mercado financeiro, como a americana BlackRock, estão entre os que vão oferecer a nova modalidade de fundo de bitcoin no país — a maioria contando com custódia da Coinbase, líder do mercado local.
Em meio à crescente expectativa sobre os trabalhos do BC, a Coinbase enxerga um panorama mais favorável para seus negócios no Brasil neste ano do que em 2023, quando iniciou suas operações no país. “Nossa perspectiva para o ano é positiva, certamente mais otimista do que no começo do ano passado. Temos mais tendências jogando a favor”, diz o diretor regional. Plein elenca as novas frentes de regulação do mercado e a expectativa de valorização iminente do bitcoin nos próximos meses como fatores que animam o setor.
O executivo também lembra que o anúncio da nova regulação por parte da SEC se deu primeiro com uma invasão à conta da empresa na rede social X (ex-Twitter), lamentando a falha gravíssima de segurança por parte de um dos órgãos mais importantes dos Estados Unidos. “ Foi curioso para todo mundo. Ficamos muito feliz da aprovação final dos ETFs, mas também acreditamos que a SEC tem a oportunidade de aumentar os níveis de segurança das contas online, inclusive com mecanismos como, por exemplo, a autenticação de dois fatores”, diz Plein.
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