Especulação toma conta da bolsa em meio ao estresse global
VEJA Mercado: avaliação é de que o Ibovespa está muito barato e por isso estrangeiro entra no país

VEJA Mercado | Fechamento | 21 de janeiro.
Os investidores estão com os olhos voltados para o Brasil, mas ninguém sabe quanto tempo isso vai durar. O alto volume de 15,5 bilhões de reais injetado em janeiro pelos estrangeiros na bolsa até a última quarta-feira, 19, mostra que o apetite do gringo é grande, mas os analistas alertam que pode se tratar de um dinheiro especulativo que pode ir embora a qualquer momento. “Enquanto todas as bolsas batiam recordes, o Ibovespa derretia, mas a proximidade da alta de juros nos EUA fez esse cenário mudar. Os estrangeiros tiram o dinheiro dos países desenvolvidos e alocam parte em renda fixa e usam outra para especular nos países emergentes”, diz Pedro Galdi, analista da Mirae Asset. “É um dinheiro nervoso. Hoje, não existe uma explicação plausível para as altas das varejistas e das incorporadoras, por exemplo. São papéis que afundaram em 2021 e que não possuem perspectiva em 2022. É especulação em cima de papel barato”, finaliza. O Ibovespa fechou em leve queda de 0,15%, aos 108.941 pontos, enquanto índices americanos como Nasdaq e S&P 500 caem 2,48% e 1,89%, nessa ordem. Na Europa, o Dax, de Frankfurt, e o CAC 40, de Paris, fecharam em quedas de 1,94% e 1,75%, respectivamente.
Depois de bater o menor valor desde novembro, o dólar subiu 0,72% nesta sexta-feira, a 5,455 reais. “O dólar caiu muito e abriu espaço para essa alta pontual, mas, no curto prazo, a pressão é de venda justamente pelo movimento especulativo dos estrangeiros. O problema é que ninguém sabe quando tempo isso vai durar”, avalia Galdi. Na bolsa, a varejista Magazine Luiza e a incorporadora Cyrella se destacaram entre as altas, subindo 3,7% e 3,2%, nessa ordem. As siderúrgicas e mineradoras tiveram um dia de correção nos preços após sequências de ganhos. CSN e Vale recuaram 2,3% e 2%, respectivamente, mas sobem cerca de 10% no acumulado do ano.
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