Erro do Itaú levou injustamente deputado André Corrêa à prisão, diz juiz
Deputado foi preso durante Operação Furna de Onça por conta de depósito registrado errado na conta de seu chefe de gabinete
Uma operadora do banco Itaú foi fazer um depósito de pouco mais de 5 mil reais para o então chefe de gabinete do deputado estadual André Correa, no Rio de Janeiro. Sem querer, teclou o número do banco, da agência e da operação no campo destinado ao valor, transformando o depósito de pouco mais de 5 mil reais em um valor superior a 34 milhões de reais. Percebido o erro, logo o valor foi estornado. O problema é que este erro foi parar nos dados da Operação Furna da Onça, que investigou rachadinha dos deputados estaduais no Rio, e o valor exorbitante enviado ao Ministério Público pelo Itaú foi o motivo que levou à prisão do deputado André Corrêa e do seu chefe de gabinete José Antônio Machado, como agora reconhece o juiz Arthur Eduardo Magalhães Ferreira, da vara cível da Barra da Tijuca, no Rio. Eles ficaram presos por um ano. Por isso, o juiz determinou que o banco pague uma indenização de 300 mil reais ao deputado e 200 mil reais ao chefe de gabinete.
O Itaú chegou a alegar que a prisão foi considerada imprescindível pelo Ministério Público para as investigações, independentemente do conteúdo do extrato bancário. O juiz rebateu: “a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal é expressa, clara e objetiva ao imputar aos Autores a prática de “movimentação financeira sem lastro na ordem de trinta e quatro milhões de reais” , sendo impossível ao Réu (banco Itaú) pretender convencer que seu “mero equívoco” não tenha sido a causa determinante para a decretação de prisão dos Autores”. Ele ainda ressaltou que a Receita Federal, por exemplo, em nenhum momento encontrou inconsistências nas contas dos dois. Além disso, o juiz diz que o banco, ao enviar os extratos ao Ministério Público, em nenhum momento fez qualquer destaque de que aqueles depósitos decorriam de um erro de sua operadora de caixa. O Itaú ainda pode recorrer da decisão.
O Itaú enviou a seguinte nota à coluna: “O Itaú Unibanco lamenta o erro operacional ocorrido no depósito do cheque, que foi estornado imediatamente. No entanto, reafirma sua posição de que o equívoco foi devidamente esclarecido às autoridades e, conforme as próprias decisões judiciais da época, não foi motivo determinante da operação. O Itaú recorrerá da decisão.”
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