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Equatorial oferece R$ 6,9 bi por 15% da Sabesp em processo de privatização

Valor equivale a R$ 67 por ação, com desconto de 11% sobre a cotação em Bolsa; governador comemora resultado

Por Márcio Juliboni, Juliana Machado Atualizado em 28 jun 2024, 20h30 - Publicado em 28 jun 2024, 20h05

A Equatorial deu um passo importante para se tornar o investidor de referência da Sabesp, em meio ao processo de privatização conduzido pelo governo paulista. A companhia ofereceu 6,9 bilhões de reais por uma fatia de 15% da concessionária de água e esgoto. A cifra equivale a 67 reais por ação, o que corresponde a um desconto de 10,7% sobre os 75,01 reais com que o papel fechou o pregão desta sexta-feira, 28.

Na coletiva de imprensa em que anunciou o resultado desta etapa da privatização, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, minimizou o desconto embutido na oferta da Equatorial. Segundo ele, é razoável que o preço seja inferior à cotação do papel na Bolsa, já que o investidor de referência assumirá uma série de obrigações e riscos, como não vender suas ações antes de cinco anos, investir na universalização e melhoria dos serviços de água e esgoto, e não ter o controle da companhia, compartilhando as decisões com o governo paulista por meio de um acordo de acionistas.

“Precisamos considerar que nós temos pressa para universalizar [os serviços], e o grande objetivo nunca foi simplesmente o de vamos arrecadar”, afirmou o governador. “O nosso maior valor possível está na universalização, na provisão de saneamento básico a todos.”

Tarcísio acrescentou que o valor ofertado pela Equatorial é satisfatório, também, pelo fato de superar a previsão de arrecadação embutida na lei orçamentária paulista aprovada no ano passado. A lei estimava que a privatização da Sabesp renderia um total de 10 bilhões de reais aos cofres públicos. Para o governador, levantar quase 7 bilhões com a venda dos 15% para o investidor de referência mostra que o montante total superará a previsão contida na lei orçamentária.

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O motivo é que, além da fatia ofertada à Equatorial, o Estado de São Paulo venderá, ainda, mais 17% da concessionária a investidores de mercado. A próxima fase é, justamente, a formação do book building para definir o preço de venda dessa fatia. Tarcísio e Natália Resende, secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, encontram-se em Londres para uma rodada de conversas com potenciais interessados em adquirir esse outro lote de ações.

“Há uma superação importante de expectativa”, afirmou o governador. “Além disso, temos que comparar essa operação, que vai ser a maior operação do mercado de capitais do Brasil este ano, com as outras operações de mercado de capitais que aconteceram até agora no Brasil”, acrescentou.

Gestores e analistas parecem concordar com a avaliação do governador. Segundo um gestor de um grande fundo de ações, que pediu para não ser identificado, o preço oferecido pela Sabesp, apesar do deságio em relação à tela, é bom, em especial considerando a capacidade de gestão da Equatorial. “A empresa é extraordinariamente boa no setor elétrico, e tem um pequeno ativo de saneamento que não vai bem”, diz a fonte. “Mas a companhia é racional. Não sabemos quem será o CFO e os diretores, mas acreditamos que serão pessoas boas.”

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Na visão desse interlocutor, o preço das ações estavam “inflados” justamente pela perspectiva de fechamento do negócio. “Almocei com uma pessoa que acreditou que Equatorial pagaria 85 reais por ação. Mas o book value (valor patrimonial) é 48 reais”, afirma.

Um analista de um grande banco de investimentos que olha de perto o setor de saneamento concorda que o preço é muito atrativo, sobretudo diante do ganho em termos de mitigação de riscos regulatórios e regras estabelecidas em contrato. Nos cálculos desse profissional, o preço de 67 reais por papel equivale a 17% de Taxa Interna de Retorno (TIR).

“O preço deve gerar uma demanda gigantesca na segunda etapa do processo, cobrindo múltiplas vezes o livro”, diz o profissional. “Deve atrair não apenas locais, mas também interesse internacional, de fundos americanos e europeus.”

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Esse analista pondera, por outro lado, que há um risco jurídico envolvendo a transação a partir de agora, também devido ao preço — se, por um lado, investidores devem ver com bons olhos, o Ministério Público pode questionar o processo justamente pelo preço menor em relação ao nível atual. “Talvez possamos ver algo nessa linha”, diz.

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