Eduardo Moreira: “A Faria Lima vai pedir para sentar-se à mesa com Lula”
Economista e empresário, Moreira traça perfil de um eventual governo do petista para a economia e diz que Alckmin como vice é 'nova carta aos brasileiros'
Ex-sócio do Banco Pactual e um dos fundadores do Banco Plural, o economista Eduardo Moreira notabilizou-se no campo progressista por passar de banqueiro a porta-voz dos sem-terra. Próximo, ainda que indiretamente, ao ex-presidente Lula, favorito para vencer as eleições presidenciais de 2022, segundo apontam as pesquisas, Moreira crê que o mercado financeiro vai pedir um lugar à mesa com o petista para negociar um ‘acordo tácito’. “Se chegar perto das eleições e o Lula continuar com esse favoritismo, a Faria Lima vai pedir para sentar-se à mesa com o Lula e tentar trazê-lo para perto deles, mais para o ‘centro’. Vão tentar negociar um acordo tácito com ele”, diz o investidor.
Ele cita o crescimento da bolsa de valores brasileira entre 2002 e 2008, período que compõe os dois mandatos do ex-presidente, como um fator positivo para que o mercado financeiro não se preocupe com um eventual retorno do petista. “O PT, o governo Lula, entregou a maior alta da bolsa disparada. Nunca teve nada parecido. O índice cresceu 1.900% em dólares. A turma de empresários que hoje é bilionária ganhou riqueza e poder naquele período”, afirma Moreira.
Antes de ser eleito na disputa presidencial em 2002, Lula escreveu uma carta aberta ao povo brasileiro em que um dos intuitos era acalmar os ânimos do mercado financeiro. Para Moreira, a possível escolha de Geraldo Alckmin como vice seria um recado similar ao enviado em 2002. “O Alckmin como vice é uma nova carta aos brasileiros”, afirma. “Eu acho que o mercado vai tentar se aproximar do Lula. Tenho certeza de que já está fazendo isso. Mas eu não vejo, hoje, o Lula escolhendo um ministro como o Meirelles só para agradar o mercado. Acho que a maior chance é ele trazer alguém identificado com os ideais progressistas e que conheça o mercado financeiro”, projeta, brincando na sequência: “Mas essa pessoa não sou eu”.
Ao projetar um eventual governo do petista, ele acredita que o assistencialismo aos mais pobres estará no centro da política fiscal. “O que ele vai fazer é, primeiro, derramar orçamento e receita nas camadas mais pobres da população, como ele fez da outra vez. Todo esse dinheiro que cair na camada mais pobre deve voltar para a economia, porque o mais pobre não consegue poupar. E assim ele terá uma elasticidade e uma resposta econômica imediata. Mas, imagino que ele poderá ter problemas a partir do meio do segundo ano do mandato, já que a situação do país está muito complicada.”
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