Credores da Leader aprovam plano que atrela pagamento a faturamento
Dívida será paga se empresa crescer, numa operação conhecida como cash sweep

Quando a pandemia estava no começo, era março de 2020, a rede de lojas Leader pediu recuperação judicial. Com praticamente dois meses de lojas fechadas durante o ano, a empresa viu seu faturamento cair pela metade, ficando em torno de 600 milhões de reais. Neste ano, a rede não deve faturar nem 1 bilhão de reais, a depender do novo abre e fecha das lojas ainda por conta da pandemia. Mesmo assim, os credores da empresa aprovaram na quinta-feira, 28, o plano de recuperação que terá como base o crescimento da faturamento da companhia. É o que se chama de “cash sweep” e tem sido usado em alguns casos de recuperação judicial.
Os grandes credores aceitaram receber quase 1 bilhão de reais nos próximos 15 anos, com carência de 3 anos. Cerca de 90% da dívida está condicionada ao crescimento do faturamento. Os credores vão receber 4% da receita que exceder 1,2 bilhão de reais a cada ano. Se não houver crescimento, não recebem. Mas se o faturamento crescer 15% ao ano, em dez anos a empresa liquida a fatura, segundo André Peixoto, presidente e dono da empresa. Os credores trabalhistas começam a receber imediatamente.
Peixoto era sócio do empresário Fabio Carvalho, dono da Editora Abril que abriga a Veja, na Legion Holdings, empresa que se especializou em recuperar empresas e que era dona da Leader. A Legion comprou a Leader do BTG, em 2016, e Carvalho vendeu sua participação na Leader por valor simbólico, no início do ano passado, para Peixoto. Carvalho passou a se dedicar exclusivamente aos negócios da editora.