Carta de Bolsonaro feita por Temer, no fim, não surtiu efeito
VEJA Mercado: Ibovespa recua 7% no acumulado de setembro, dólar sobe 5,3%

Se alguém achava que a tal Declaração à Nação do presidente Jair Bolsonaro logo após os atos antidemocráticos de 7 de Setembro fosse surtir efeito na bolsa, os números mostram que o mercado não embarcou com o presidente desta vez. O Ibovespa encerrou o mês de setembro com uma perda acumulada de 7%, na faixa dos 110 mil pontos — bem distante da máxima histórica de 130 mil pontos alcançados em junho. No trimestre encerrado nesta quinta-feira, 30, a queda é ainda maior, de 12%. Ainda que outros agentes, como a Evergrande e o minério de ferro, também tenham puxado o índice para baixo, o clima de desconfiança e cautela na economia brasileira se manteve mesmo depois do aceno de Bolsonaro ao mercado e ao Supremo. “A carta não surtiu muito efeito no final porque a bolsa seguiu em tendência de queda. Houve um acordo para a publicação da carta, mas o cenário macroeconômico não mudou e os problemas de sempre, como juros, inflação, precatórios e Bolsa Família, seguem sem solução”, diz Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch.
Enquanto isso, o mercado de juros futuros no país disparou, e o DI para 2031, por exemplo, já passa de 11%, ofuscando a atratividade da bolsa. O dólar valorizou 5,30% no período, e fechou o mês a 5,44 reais. No exterior, as bolsas também enfrentaram um setembro difícil em função da incerteza em relação à Evergrande e ao programa de retirada de estímulos da economia americana, que deve terminar antes do previsto e afetar os juros por lá. Índices como Nasdaq e Dow Jones recuaram entre 4% e 5% no mês, mas seguem próximas de suas máximas históricas.