Efeito Americanas faz Bradesco ter pior lucro desde 2006
VEJA Mercado: banco teve lucro recorrente de R$ 1,4 bilhão no quarto trimestre de 2022
O Bradesco reportou um lucro líquido de 1,4 bilhão de reais no quarto trimestre de 2022. É o pior resultado trimestral da instituição desde 2006, segundo dados compilados pelo TradeMap que consideram apenas as cifras nominais, sem levar em conta a correção pela inflação. O banco decidiu provisionar 100% das dívidas que a Americanas possui com a instituição. Em outras palavras, o banco reservou antecipadamente o montante como prejuízo. Em relação aos seus pares, o Bradesco tem uma exposição maior à varejista que entrou em recuperação judicial e teve suas obrigações de dívidas suspensas por, pelo menos, seis meses. “Houve aumento rápido e relevante da inflação, com aumento das taxas de juros maior que o inicialmente antecipado, impactos no ciclo de crédito e um ambiente global de grande instabilidade política e econômica”, diz a mensagem da administração.
As provisões referentes ao caso alcançaram a marca de 4,9 bilhões de reais. Em um ano, as provisões totais do Bradesco dispararam de 4,8 bilhões para 14,8 bilhões de reais. “Na nossa visão, as projeções para 2023 enfraquecem ainda mais nossas esperanças de uma recuperação de crescimento de lucro e rentabilidade em formato de V. A recuperação deve ser bem mais gradual. Para complicar, as projeções de inadimplência podem assustar os investidores mais desavisados e necessitam de ser aprofundadas”, avaliam os analistas da Genial Investimentos. A corretora prevê que o Bradesco lucre algo em torno de 20 bilhões de reais no ano, cifra praticamente igual à de 2022. Os ativos do banco negociados nos Estados Unidos desabam 9% no chamado after-market, período de negociações após o fechamento do mercado.
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