As ‘moedas de troca’ do Brasil em negociação com EUA, segundo especialista
Futuras negociações com o governo Trump podem incluir agendas em que os EUA não querem que o Brasil avance

Diferente de México e Canadá, que fazem fronteira com os Estados Unidos, o Brasil não pode oferecer um patrulhamento mais ostensivo dessa região como maneira de atenuar tarifas comerciais impostas pelos americanos — como os dois países norte-americanos fizeram há algumas semanas. Existem alguns assuntos, contudo, em que a posição do Brasil interessa aos Estados Unidos e, portanto, podem ser objeto de discussão em negociações entre os dois países durante o governo de Donald Trump. Para Lucas Spadano, mestre em direito internacional pela London School of Economics e sócio do Madrona Fialho Advogados, dois pontos que se sobressaem são a adoção de uma moeda alternativa ao dólar pelo BRICS e a regulamentação das big techs. “Se os BRICS continuarem falando em adotar uma moeda alternativa, Trump vai colocar tarifas altíssimas contra os membros do bloco”, lembra Spadano. Nesse sentido, uma maneira de evitar atritos com os americanos seria não levar essa discussão adiante. Vale lembrar que o Brasil preside o BRICS no ano de 2025 e a próxima reunião de chefes de estado do bloco vai ocorrer no Rio de Janeiro. “A questão das big techs — a maioria delas sendo americanas — eventualmente também pode entrar em discussões bilaterais entre os países, seja pelo aspecto de tributação, seja pelo de regulação”, diz Spadano. O especialista aponta que essas empresas exercem grande influência nos Estados Unidos, com o dono do X (ex-Twitter), Elon Musk, integrando o governo de Donald Trump.