A vitória de Prates e Haddad no conselho da Petrobras
Rafael Dubeaux deve promover o diálogo conciliador entre a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia

A aprovação de Rafael Dubeaux para o conselho da Petrobras pode ser considerada uma vitória do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e também do presidente da estatal, Jean Paul Prates. Conhecido por ter perfil mediador, Dubeaux deve promover o diálogo conciliador entre a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia e também facilitar as conversas com o mercado. Bastante próximo da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ele também deve acelerar transformações tornando a Petrobras mais ligada a questões ecológicas, facilitando o caminho para que a estatal se torne uma empresa de energia, priorizando as eólicas offshore como grande vetor da transição energética.
Com o novo aliado no conselho, Prates tem caminho aberto para superar alguns entraves que enfrentou no ano passado durante as discussões sobre o Plano Estratégico 2024-2029 da estatal. Sua intenção era incluir no plano eólicas offshore com produção de hidrogênio verde e também projetos no exterior que viabilizassem a aquisição dessa tecnologia. Conselheiros ligados ao ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira, no entanto, argumentavam que não havia marco legal estabelecido para comprar essa energia e que os projetos possuíam rentabilidade duvidosa.
A expectativa agora é que Dubeaux facilite a desaceleração da reposição de reservas de petróleo e gás natural, diminuindo a pressão sob o Ministério do Meio Ambiente para dar licenciamento ambiental para Foz Amazonas. Ele também deve reduzir a busca por novas fronteiras de petróleo e tentar barrar investimentos em refino — que estão em obsolencia com a transição energética. Dubeaux é conhecido ainda por criticar abertamente os biocombustíveis de primeira geração, como o etanol e o biodiesel, e defender o diesel coprocessado.
Há ainda expectativas do enfraquecimento da pauta do gás natural, uma vez que a guinada para uma economia verde será fortalecida. Diferente de outros analistas que consideram o gás natural como combustível de transição, Dubeux defende que esses investimentos são greenwashing.