A força do Real e impasses na Petrobras em semana de transição
Dias que seguiram vitória de Lula tiveram saldo positivo para o mercado, com destaque negativo para a estatal
VEJA Mercado | Fechamento da semana | 31/10 a 4/11
Como era de se esperar, os principais movimentos que pautaram o mercado financeiro na semana seguinte à eleição presidencial de 2022, que sagrou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como próximo presidente do Brasil, estavam ligados ao campo político. A vitória do petista, além do simples encerramento do período eleitoral, trouxe ganhos significativos em certos investimentos. Foi o caso de empresas da chamada “carteira Lula”, nome dado a ações dos setores de construção, educação e varejo, que devem ganhar fôlego com os programas do presidente eleito. Mas o que roubou a cena nesse sentido foi o câmbio. Nos cinco dias úteis que seguiram o pleito, o dólar entrou em queda livre de 4,5%, com registro semelhante no caso do euro. Quanto aos perdedores, a Petrobras se destaca, amargando um derretimento de 13,5% em seus papéis. Parte da queda da estatal se deveu a comentários da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que criticou a atual política de distribuição de dividendos da companhia.
Apesar da derrubada da Petrobras, a companhia divulgou informações positivas na quinta e sexta-feira. Primeiro, foi revelado que seus acionistas receberiam 43 bilhões de reais em dividendos, número acima das expectativas, e, em seguida, que o lucro da petroleira no terceiro trimestre de 2022 foi de 46 bilhões de reais, o melhor resultado em um terceiro semestre da história. O Ibovespa subiu 3% no mesmo período, mostrando que o mercado recebeu bem o saldo de acontecimentos dos últimos tempos. também vale destacar a animosidade dos investidores estrangeiros com a vitória de Lula, tendo aportado 1,9 bilhão de reais na bolsa brasileira apenas no dia seguinte à eleição. No mês de outubro, o total desse montante foi de 14 bilhões de reais.
Apesar do mercado financeiro não ter passado por grandes choques nesses dias, questões políticas foram motivo de grande estresse para alguns setores da economia. Os atos golpistas promovidos por bolsonaristas, que bloquearam rodovias em diversos estados do Brasil, e a demora para um pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) após a eleição se enquadram na lista. No caso das rodovias, tanto a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) quanto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) emitiram notas na última terça-feira, primeiro de novembro, apontando dificuldade no transporte de mercadorias. A CNI chegou a afirmar que, a depender da escala dos atos, o prejuízo econômico poderia ser pior que o das paralisações de 2018.
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