O que faz um CFO?
Muito além de gerir as finanças, esse profissional exerce função estratégica para garantir a rentabilidade e a sustentação de uma empresa
O mercado de capitais brasileiro conta com mais de 5 milhões de investidores pessoas físicas operando os diversos ativos ofertados por empresas de capital aberto listadas na B3, a Bolsa de Valores do Brasil.
Para esses investidores, é importante entender quem é o responsável pela gestão das finanças dessas empresas, o chief financial officer (CFO) ou diretor financeiro, o dono do caixa.
As finanças corporativas, pelas quais os CFOs são responsáveis, podem ser estudadas a partir de algumas questões fundamentais:
- Em quais ativos de longa duração uma empresa deve investir e por quê?
- Quais fontes de capital uma empresa deve obter para viabilizar suas decisões de investimento?
- Como a empresa deve administrar os fluxos de caixa de curto prazo?
- Quando e quanto a empresa deve distribuir de dividendos, obtendo simultaneamente capacidade de reinvestimento e mantendo os acionistas minoritários satisfeitos pela remuneração em função do risco de possuírem ações?
Esses são os temas que a coluna vai explorar para você, leitor de VEJA e VEJA NEGÓCIOS, sob a perspectiva desse profissional tão relevante na condução das finanças empresariais.
A importância das finanças para uma empresa de capital aberto é fundamental e abrange diversas áreas estratégicas que afetam diretamente o valor de mercado, a confiança dos investidores e a sustentabilidade do negócio. Em um ambiente competitivo e sujeito à vigilância constante dos acionistas e do mercado, a gestão financeira se torna uma das funções mais críticas para o sucesso de uma empresa listada em bolsa. A seguir, apresentamos os motivos pelos quais as finanças são tão vitais para uma empresa listada na bolsa de valores.
Atração e Retenção de Investidores
Uma companhia de capital aberto depende da confiança dos investidores para sustentar o valor de suas ações e captar novos recursos no mercado. A boa gestão financeira, demonstrada por meio de relatórios claros e transparentes, é essencial para atrair e manter investidores. Esses relatórios incluem demonstrações financeiras, análises de rentabilidade, endividamento e fluxo de caixa, que permitem aos investidores avaliar o desempenho da empresa e suas perspectivas de crescimento.
Além disso, o CFO tem a responsabilidade de estabelecer uma comunicação transparente com o mercado, divulgando os resultados trimestrais, planos estratégicos e outros fatores que possam impactar o valor das ações. Essa comunicação é fundamental para construir e manter a confiança dos investidores, essencial para a estabilidade do preço das ações.
Planejamento de Capital e Sustentabilidade Financeira
Uma companhia de capital aberto precisa de uma sólida estrutura de capital para sustentar seu crescimento e assegurar a estabilidade de longo prazo. A gestão financeira garante que a empresa tenha recursos adequados para investir em novos projetos, expansão e inovação, equilibrando a dívida e o capital próprio de forma eficiente.
O planejamento financeiro ajuda a empresa a prever suas necessidades de capital e a se preparar para diferentes cenários econômicos. Essa função é crucial para evitar crises de liquidez e para possibilitar que a gestão aproveite oportunidades de investimento que agreguem valor aos acionistas.
Controle de Riscos e Proteção dos Acionistas
O mercado financeiro é repleto de incertezas e volatilidade, e uma empresa de capital aberto precisa gerenciar cuidadosamente os riscos financeiros. A gestão de riscos é essencial, especialmente para negócios que enfrentam variações cambiais, oscilações nas taxas de juros e pressões da concorrência global.
A equipe financeira utiliza ferramentas como derivativos e hedges para proteger o fluxo de caixa e o balanço patrimonial de flutuações indesejadas, o que ajuda a reduzir os riscos para os acionistas. Além disso, um sistema robusto de controle interno e compliance financeiro garante que a empresa atenda a todas as exigências regulamentares, preservando a integridade e a reputação da organização.
Maximização do Valor do Acionista
A principal responsabilidade de uma companhia de capital aberto é gerar valor para seus acionistas. A gestão financeira desempenha um papel essencial nesse objetivo, otimizando a rentabilidade e minimizando custos. Isso inclui decisões sobre a política de dividendos, reinvestimento de lucros e eficiência operacional, todas influenciadas diretamente pela gestão financeira.
Ao alocar os recursos de forma eficiente e buscar constantemente formas de melhorar o retorno sobre o capital investido, a empresa pode aumentar seu valor de mercado. A maximização do valor do acionista depende de uma abordagem financeira estratégica que equilibre crescimento e retorno de forma sustentável.
Captação de Recursos no Mercado de Capitais
Uma das grandes vantagens de ser uma empresa de capital aberto é a possibilidade de captar recursos no mercado de capitais, seja por meio da emissão de novas ações (equity) ou pela emissão de dívida. A função financeira é essencial para avaliar e decidir qual a melhor opção de financiamento, considerando o impacto de cada uma sobre o endividamento, o custo do capital e a diluição da participação dos acionistas.
Transparência e Conformidade Regulamentar
Companhias de capital aberto estão sujeitas a rígidas regulamentações e são monitoradas de perto por órgãos reguladores e pelo mercado.
O papel do CFO
O CFO desempenha um papel central em qualquer organização, sendo responsável por gerenciar todos os aspectos financeiros e estratégicos da empresa. Suas atribuições incluem:
- Gestão de Liquidez e Crédito: Controle do fluxo de caixa e estabelecimento de políticas de crédito para clientes e fornecedores.
- Planejamento Financeiro e Orçamento: Desenvolvimento de orçamentos e planejamento de crescimento.
- Estratégias de Captação de Recursos: Preparação para IPO (abertura de capital na Bolsa), fechamento de capital e emissão de dívida local e internacional.
- Gestão de Riscos Financeiros: Mitigação de riscos de mercado e proteção dos fluxos de caixa.
- Conformidade e Relatórios Financeiros: Assegura conformidade com normas contábeis e transparência nos relatórios.
- Relacionamento com Investidores e Stakeholders: Comunicação com investidores e construção de uma narrativa de valor.
- Relacionamento Bancário: Parcerias estratégicas com bancos, negociações de custos e monitoramento de riscos bancários.
- Inovação e Transformação Digital Financeira: Implementação de tecnologias e análise de dados em tempo real para suportar decisões estratégicas.
Esses pontos refletem o escopo abrangente do cargo de CFO, que vai muito além da contabilidade e controle de caixa, abrangendo um papel estratégico que apoia o crescimento sustentável e a competitividade da empresa. A gestão do capital, o relacionamento com o mercado e a capacidade de prever e mitigar riscos são essenciais para o sucesso e a estabilidade de um negócio. O CFO precisa ter uma visão generalista, que vai além da especialização em finanças, incluindo marketing, operações, tecnologia e gestão de pessoas. Toda decisão que implica investimentos e uso do caixa passa pela sua mesa.
No Brasil, o Ibef – Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros oferece certificação para profissionais de finanças, ou CFOs, visando reconhecer esses profissionais por meio de experiência. Para mais detalhes, acesse https://ibefsp.com.br/certificação.
Mark Twain, um escritor e sábio americano, dizia que “o bom senso e o dinheiro são os mais raros de todos os sentidos”.
Em breve, voltaremos com mais detalhes sobre os instrumentos financeiros que as empresas podem emitir, e os riscos para os investidores
Até logo!