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O seu, o meu, o nosso

Por Ricardo Humberto Rocha
Professor de Finanças do Insper. Fatos, dados e histórias do mundo do dinheiro
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Ao vencedor, as batatas!

O que mostra o recente “Raio X do Investidor Brasileiro", da Anbima

Por Ricardo Humberto Roca
30 Maio 2024, 12h31

O tema do dinheiro permeia a literatura e a vida cotidiana, refletindo as complexidades das relações humanas e sociais. Em Quincas Borba, Machado de Assis narra a história de Rubião, um professor de Barbacena que herda a fortuna de seu amigo, o excêntrico filósofo Quincas Borba. A filosofia do “Humanitismo”, central na narrativa de Machado, sugere que a vida é uma batalha pela sobrevivência, resumida na frase “Ao vencedor, as batatas”. Essa metáfora ilustra a luta pelo dinheiro e o triunfo dos mais fortes.

Neste artigo, quero compartilhar com você, leitor de VEJA e VEJA NEGÓCIOS, como o brasileiro investe, usando os dados da excelente pesquisa publicada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). O “Raio X do Investidor Brasileiro” revela como os brasileiros lidam com suas finanças, oferecendo uma visão abrangente sobre a importância e os desafios do dinheiro na sociedade.

A jornada das finanças pessoais pode ser resumida em três pilares complementares:

Consciência dos indivíduos, que são os protagonistas nesse processo;

Orçamento pessoal, que permite entender as fontes e usos dos recursos e como podemos ajustá-los na eterna briga entre necessidades e desejos;

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Conhecimento dos produtos e instrumentos financeiros.

O elevado número de produtos para investimento exige dos investidores um letramento financeiro mínimo, nem sempre compatível com o conhecimento existente, reforçando a importância de programas de educação financeira. Afinal, o que é melhor: Tesouro Selic ou Tesouro IPCA? CDB Prefixado ou CDB DI? CRI? CRA? Fundos de renda fixa ou ações? Ou a conhecida e tradicional poupança? E os fundos de previdência, qual escolher? VGBL ou PGBL?

Investir nas plataformas e nas corretoras ou nas agências bancárias? Bancos tradicionais ou digitais? 

Um extenso cardápio de produtos exige conhecimento de diversos conceitos, desde a leitura do cenário local e internacional, seja na ótica da macroeconomia ou da geopolítica. Além disso, o investidor precisa conhecer seu perfil de risco, definir horizonte e objetivos dos investimentos e sua capacidade de perda em função do atual momento de vida.

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Nesse sentido, a pesquisa da Anbima traz importantes achados que podem servir de insumos para programas de letramento financeiro, tanto por parte de iniciativas de políticas públicas quanto da sociedade civil, bem como de pesquisas acadêmicas.

Vamos a algumas considerações da pesquisa. Foram entrevistadas 5.814 pessoas acima de 16 anos, com renda média mensal de R$ 4.072. Em relação à escolaridade, 46% dos entrevistados possuem ensino médio, 33% apenas o ensino fundamental e 21% ensino superior. A pesquisa identificou que as gerações mais jovens têm conta bancária em instituições digitais. A caderneta de poupança lidera a preferência em todas as classes sociais pesquisadas, com 25% de adesão, e 28% procuram o gerente de banco ou assessor para tirar dúvidas e receber algum tipo de orientação. Isso reforça a importância das certificações profissionais exigidas para trabalhar no mercado financeiro. Em um artigo futuro, vou trazer para o leitor um resumo dessa importante decisão tomada por autorregulação.

Outros dados relevantes da pesquisa incluem a diversificação dos investimentos dos brasileiros: 63% dos investidores preferem a poupança, seguida por 29% que investem em previdência privada e 20% em fundos de investimento. A maioria dos investidores busca segurança e liquidez, o que explica a predominância da poupança, mesmo com seu baixo rendimento.

Um enorme desafio para a sociedade é o crescimento econômico para aumentar a renda média dos brasileiros e elevar a escolaridade e o letramento financeiro, gerando poupança local para financiar projetos de infraestrutura.

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O dinheiro é um tema central tanto na literatura quanto na vida contemporânea. Autores como Machado de Assis, Rachel de Queiroz e Cecília Meireles oferecem uma visão crítica sobre suas implicações sociais, enquanto pesquisas como o “Raio X do Investidor Brasileiro” revelam os desafios e comportamentos dos investidores modernos. A compreensão dessas perspectivas é essencial para navegar as complexidades econômicas e sociais da atualidade e premiar o investidor.

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