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O que os banqueiros pensam sobre a apuração paralela das Forças Armadas

Líderes do mercado financeiro dizem confiar nas urnas eletrônicas; mas, quando se trata de recontagem de votos, as opiniões divergem

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 set 2022, 09h00

No País da jabuticaba, teremos mais uma no próximo domingo, dia de eleição para presidente, com Lula e Jair Bolsonaro à frente das pesquisas de intenção de voto. As Forças Armadas farão uma contagem paralela de votos a partir de boletins de urnas divulgados pelo próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Estima-se que esse trabalho duplo possa envolver até 300 seções eleitorais. A urna eletrônica é usada desde 1996 no Brasil, e desde então não se tem notícia de que tenha sido alvo de fraude. A insistência dos militares já rendeu muita discussão com representantes de outros Poderes, virou manchete de jornais e, como não poderia deixar de acontecer, foi parar nas conversas dos banqueiros do eixo Faria Lima-Leblon.

E qual a avaliação desses banqueiros sobre o imbróglio? Eu conversei com vários deles nos últimos dias, numa iniciativa para tentar medir a temperatura do mercado. Conclusão geral: foi unânime a opinião sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. Ninguém colocou em dúvida o atual sistema de armazenamento e contagem de votos no País. Ainda assim, a possibilidade de uma eventual recontagem ou contagem paralela provocou alguma divergência entre eles.

Os que defendem a rechecagem argumentam que “não custa nada verificar uma ou duas vezes”, como definiu o sócio de uma grande gestora. “E acaba com o ‘mimimi’. Essa confusão precisa acabar”, argumenta um outro banqueiro. Para eles, uma eventual recontagem em nada desabonaria o sistema eleitoral brasileiro. Pelo contrário. Poderia, sim, servir de munição para acabar com as especulações sobre sua eficácia e eficiência.

Há ainda os que dizem manter uma posição neutra sobre o assunto: argumentam que é uma perda de tempo (para o País) ficar discutindo se os militares devem ou não levar à frente seus planos, já que as urnas sempre se mostraram confiáveis. Em compensação, quem integra esse grupo não faz força nem para defender nem para atacar a contagem paralela.

Finalmente, um terceiro grupo critica abertamente a contagem paralela. Afirmam que “há uma instância específica para o julgamento e a decisão sobre o sistema eleitoral nacional”. “Essa instância é o TSE. Melhorar a segurança das urnas deve ser um processo contínuo, e é sempre bom. Porém, criar qualquer processo paralelo, com quem quer que seja, pode criar confusão”, afirma um CEO. Outro banqueiro vai além: “Cada instância deveria cuidar de suas responsabilidades. As Forças Armadas devem defender o País de inimigos externos. E cada um deveria ficar no seu quadrado”, afirma ele. “O que acontece agora é uma interferência no Poder Judiciário.”

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