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Negócios, Mercados & Cia

Banqueiros: Bolsonaro ou Lula?

Pergunta pode parecer retórica, mas não é bem assim

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jul 2022, 00h21 - Publicado em 6 jul 2022, 09h00

Afinal, por quem bate o coração dos banqueiros brasileiros a menos de três meses das eleições presidenciais? Para muita gente, essa questão pode parecer retórica, dado que existiria uma comunhão completa de ideias entre a “Faria Lima” – o coração financeiro do país – e a administração Bolsonaro. Ministro da Economia e militante do liberalismo, Paulo Guedes seria um atestado dessa ligação natural, ainda que o “posto Ipiranga” tenha deixado pelo caminho a maioria das propostas que propagandeava no início da atual administração.  

Também pesa contra o mercado a imagem de que, independentemente do presidente de plantão, o importante mesmo é que os lucros continuem a jorrar das mesas de operações. Não há espaço para paixões políticas. Já se falou até que a Faria Lima é o Centrão do mundo corporativo: dança conforme a música para agradar e ter as benesses de quem tem a caneta Bic na mão. 

Essa resposta, porém, não é tão simples e automática assim. Na última semana, eu conversei com donos de grandes bancos, sócios de administradoras de recursos e executivos de alto coturno do setor. Ganhar dinheiro é bom, como qualquer empresa privada sabe (e depende disso para manter as portas abertas), mas as preocupações neste momento parecem ir além disso. Três temas podem definir a simpatia do mercado por um ou outro dos dois melhores colocados nas pesquisas de intenção de voto. 

O primeiro deles é o futuro da política fiscal. A manutenção do teto de gastos, a regra que limita as despesas do governo à variação da inflação, continua sendo uma cláusula pétrea para o mercado. “Tanto Bolsonaro quanto Lula ainda não se comprometeram, de fato, com isso. O primeiro vem lançando mão de medidas eleitoreiras, como se vê agora com a PEC Kamikaze. Já em relação ao Lula, ainda não temos certeza se ele será o Lula do primeiro mandato, que se preocupou com isso, ou se repetirá o que fez o governo Dilma, que usou de pedaladas para driblar a lei”, resumiu um dos banqueiros. Neste ponto, então, Bolsonaro e Lula são vistos mais do que como iguais, mas como uma incógnita. Placar da disputa: 0 a 0

Também é considerada como inegociável a necessidade de um governo comprometido com os novos ares trazidos pelo conceito ESG (governança ambiental, social e corporativa) e antenado com a imagem que o Brasil terá entre os investidores estrangeiros. Para a Faria Lima, é fundamental o investimento em políticas que visam a sustentabilidade, a preservação do meio ambiente, a conservação da Amazônia, como um cartão de visitas que se dá a alguém com quem se quer fechar negócio. Aqui, Bolsonaro perde – e muito – do concorrente. “A narrativa do Lula convence. E o Bolsonaro não consegue reverter essa imagem negativa lá fora de jeito algum”, diz um executivo. Nosso placar saiu do zero: Lula abre o marcador.

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Finalmente, chegamos à agenda da produtividade, entendida como um pacote de medidas para destravar o crescimento econômico do país (que parece condenado ao eterno voo de galinha), atrair novos investimentos, gerar empregos e aumentar a produtividade. Afinal, se a economia vai bem, o mercado ganha ainda mais. Temos aqui uma disputa mais acirrada. Há quem veja na eventual vitória de Lula um catalisador de investimentos no curto prazo, com a possibilidade de uma explosão de negócios no mercado de fusões e aquisições, por exemplo, logo no primeiro semestre de 2023. Mas existiria o risco de, passada a euforia, o petista fazer uma administração calcada em velhos dogmas do partido, sem reformas estruturais e, muito menos, privatizações. Um gol contra, por assim dizer. 2 a 1 para Lula. 

Há também os que ainda acreditam em Bolsonaro, com Paulo Guedes a reboque – mesmo que desgastado e, eventualmente, sob pressão da ala política do bolsonarismo. Os executivos que integram esse grupo afirmam que o atual governo fez o que se chama de “reforma silenciosa”. “Guedes conseguiu aprovar a reforma da Previdência (iniciada no governo de Michel Temer) e fazer a privatização da Eletrobras. Isso evitou um cenário catastrófico, considerando a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, que fizeram disparar os preços do petróleo e dos combustíveis, a inflação e os juros”, defendeu outro dono de um grande banco. 

Placar final: 2×2. 

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