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Por Murillo de Aragão
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Oh Jerusalem

O recente ataque a Jerusalém eleva significativamente as tensões internacionais, aproximando o mundo de um possível conflito em escala global

Por Murillo Aragão Atualizado em 13 abr 2024, 22h03 - Publicado em 13 abr 2024, 21h57

Sob o impacto do ataque de misseis iranianos à Jerusalém , tomo o título desta coluna do livro de Dominique Lapierre e Larry Collins escrito em 1972. Jerusalém, uma cidade cuja complexidade histórica transcende milênios, continua sendo um epicentro de disputas militares, religiosas e culturais, atribuído à sua sacralidade para o Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

 

Ao longo da história, a cidade foi palco de inúmeras invasões e ocupações por diversos grupos, incluindo cristãos e muçulmanos. Desde o ano de 638 d.C., Jerusalém esteve sob o domínio muçulmano quando o Califado Rashidun, liderado pelo Califa Umar, a conquistou do Império Bizantino. Esta conquista ocorreu de maneira relativamente pacífica, com a garantia de direitos religiosos aos cristãos mantida.

 

Durante as Cruzadas, uma série de conflitos desencadeados pela Igreja Latina no período medieval, Jerusalém viu algumas das mais notáveis invasões cristãs. A Primeira Cruzada, em 1099, tomou a cidade com êxito, estabelecendo controle cristão e resultando no massacre de muitos de seus habitantes muçulmanos e judeus.

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A cidade foi reconquistada pelas forças muçulmanas sob o comando de Saladino em 1187 durante a Terceira Cruzada, um evento que se destacou na história islâmica. Posteriormente, Jerusalém enfrentou outras invasões e mudanças de controle, particularmente sob o domínio dos mamelucos e, mais tarde, do Império Otomano, que se manteve no poder de 1517 até o final da Primeira Guerra Mundial.

 

Com a proclamação do Estado de Israel em 1948, Jerusalém emergiu como um epicentro crítico do conflito árabe-israelense, que evoluiu rapidamente de tensões locais para confrontos abertos e prolongados. A declaração da independência israelense foi seguida imediatamente pela invasão de coalizões de nações árabes, que não reconheciam a legitimidade do novo Estado judeu e viam a presença israelense em Jerusalém e outras áreas como uma ameaça direta aos palestinos e ao mundo árabe em geral.

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Este período de conflitos intensos culminou em diversos armistícios ao longo de 1949, com acordos separados entre Israel e cada um dos países árabes envolvidos. Esses armistícios não apenas delimitaram fronteiras provisórias mas também ajudaram a consolidar a identidade nacional de Israel, fortalecendo sua soberania recém-estabelecida diante de um cenário geopolítico hostil. Simultaneamente, esses acordos iniciaram um ciclo de hostilidades que se estenderiam pelas décadas seguintes, caracterizando as relações israelo-árabes com períodos de guerra aberta e tensões diplomáticas constantes.

 

Jerusalém, em particular, permaneceu no coração desse conflito. Sua importância espiritual e histórica para judeus, cristãos e muçulmanos torna a cidade um símbolo potente das aspirações nacionais e religiosas em conflito. Após 1967, com a Guerra dos Seis Dias e a subsequente unificação de Jerusalém sob controle israelense, a cidade viu uma nova onda de tensões e controvérsias, intensificadas pela contínua expansão de assentamentos israelenses e as respostas violentas de ambos os lados.

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Neste sábado, o ataque com mísseis iranianos a Jerusalém carrega implicações profundas que ultrapassam o mero confronto bilateral. Jerusalém é um solo sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos. Um ataque desta natureza não é somente uma afronta a Israel, mas a todas as religiões que reverenciam a cidade como sagrada. Este evento sublinha a permanente tensão em torno de Jerusalém e a necessidade urgente de soluções diplomáticas que respeitem o caráter universal da cidade.

 

O recente ataque a Jerusalém eleva significativamente as tensões internacionais, aproximando o mundo de um possível conflito em escala global. Dada a natureza do ataque e a importância estratégica e religiosa de Jerusalém, há uma probabilidade real de que Israel possa responder de forma assertiva. Esta retaliação poderia incluir um intenso bombardeio de mísseis e ataques aéreos contra alvos iranianos, o que não apenas escalaria o conflito regional, mas também poderia atrair intervenções de outras potências globais.

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Israel, com um histórico de respostas militares robustas a ameaças diretas, tem a capacidade e a disposição de executar operações ofensivas significativas contra o Irã. Tal resposta israelense, dada a complexidade das alianças internacionais e os interesses estratégicos na região, provavelmente contaria com o apoio dos Estados Unidos. Os EUA têm sido um aliado de longa data de Israel e compartilham diversas preocupações sobre as atividades iranianas no Oriente Médio, particularmente em relação ao programa nuclear iraniano e ao apoio a grupos militantes anti-israelenses.

 

Uma escalada dessa natureza poderia rapidamente se transformar em um conflito mais amplo, envolvendo outras nações da região e potências globais, cada uma com seus próprios interesses estratégicos e alianças políticas. O envolvimento de países como a Rússia, que tem apoiado o Irã em várias frentes diplomáticas e militares, poderia complicar ainda mais a situação, aumentando o risco de um confronto direto entre grandes potências.

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Além disso, a natureza altamente volátil e interconectada das relações internacionais no século XXI significa que os efeitos de tal conflito não seriam limitados ao Oriente Médio. As implicações globais poderiam incluir interrupções significativas no fornecimento de petróleo, aumento da instabilidade em regiões chave, e um possível choque nos mercados financeiros internacionais, todos contribuindo para um cenário de incerteza e instabilidade mundial.

 

Portanto, o ataque a Jerusalém não só destaca a fragilidade da paz regional, mas também demonstra como incidentes isolados podem ter o potencial de catalisar confrontos muito mais amplos, com consequências que transcendem fronteiras nacionais e continentais. A resposta de Israel, o apoio dos Estados Unidos, e as ações de outras nações chave serão cruciais em determinar se o conflito irá se expandir ou se será contido.

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