Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Murillo de Aragão
Continua após publicidade

O Brasil e a geopolítica do medo

Temos múltiplas “Faixas de Gaza” no país sem o controle do Estado

Por Murillo de Aragão 25 fev 2024, 08h00

Desde tempos imemoriais, o mundo tem sido assolado por medos derivados de invasões, epidemias, escassez de recursos e conflitos diversos, tanto abrangentes quanto localizados. No século XX, o avanço tecnológico exacerbou esses temores ao aprimorar a potência de armas de destruição em massa, introduzindo um novo nível de ameaça global.

O término da Guerra Fria e a integração da China ao capitalismo global, juntamente com os princípios do Consenso de Washington, sugeriam um desfecho otimista para o século, uma era de paz e prosperidade. Contrariando tais expectativas, o mundo se viu novamente imerso em um estado de inquietação devido a embates, atentados terroristas emblemáticos, como os de 11 de setembro de 2001, guerras baseadas em diferenças religiosas e étni­cas, além de outras formas de violência.

A ascensão da internet e das inovações tecnológicas subsequentes não somente ampliaram os horizontes da comunicação e da informação, como também se tornaram instrumentos poderosos na perpetuação da geopolítica do medo. A era digital trouxe consigo novas ameaças, como os ataques cibernéticos, a propagação de notícias falsas e a criação de deepfakes, colocando em xeque a segurança e a veracidade da informação.

Adicionalmente, o desenvolvimento de mísseis hipersônicos e de tecnologias capazes de neutralizar satélites evidencia uma corrida armamentista em novas dimensões. Desde a Segunda Guerra Mundial não gastamos tanto em armas quanto agora. O pior é que a geopolítica do medo deixou de ser alimentada apenas pela possibilidade de um ataque nuclear.

Continua após a publicidade

“Faltam lideranças no mundo de hoje. Navegamos com timoneiros que não sabem aonde devem chegar”

Esse cenário é agravado por uma polarização ideológica crescente, caracterizada por discursos extremistas tanto de direita quanto de esquerda e por uma tendência global ao autoritarismo que transcende as barreiras ideológicas. Essa dualidade alimenta o conflito e o medo e, paralelamente, desafia os fundamentos da democracia e da coesão social.

Em suma, a geopolítica do medo se revela por meio de uma ampla gama de ameaças, que engloba desafios tradicionais e contemporâneos, refletindo a complexidade dos problemas em um mundo cada vez mais interligado. Lidar com esses desafios requer lideranças não disponíveis no mundo nesta etapa. Navegamos com timoneiros que não sabem aonde devem chegar.

Continua após a publicidade

Isto posto, devemos fazer uma reflexão sobre o papel do Brasil na geopolítica atual. As declarações de Lula sobre a crise na Faixa de Gaza mostram um país lidando precariamente com os desafios do momento. Optando pela “lacração”, em vez da serenidade, do apelo ao entendimento.

A radicalização de posições não cabe a um país que não sabe ainda o seu papel no mundo e que nem sequer resolveu seus principais problemas internos. Temos múltiplas “Faixas de Gaza” no Brasil sem o controle do Estado. Não sabemos lidar com os nossos problemas crônicos de segurança pública. Milhões trafegam por entre o racismo, a desigualdade e a falta de oportunidades. A melhor mensagem que o Brasil pode dar ao mundo é cuidando melhor do seu povo.

Publicado em VEJA de 23 de fevereiro de 2024, edição nº 2881

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.