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Conheça a cadeia brasileira do mel

Além do mel e seus subprodutos, a apicultura é essencial para produção de alimentos

Por Marcos Fava Neves
23 ago 2024, 13h01

O mel é um dos alimentos com registros mais antigos na história da humanidade. Pinturas rupestres encontradas na Espanha, com cerca de 8 mil anos, já mostravam humanos coletando mel. Entretanto, foi somente a partir da Idade Média que a criação de abelhas de maneira organizada tomou forma. No Brasil, a apicultura se consolidou com a introdução de abelhas europeias e africanas, mas a criação de abelhas já existia com as espécies nativas sem ferrão, como jataí, uruçu e mandaçaia, criadas pelos indígenas. Hoje, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de mel.

A apicultura é a criação de abelhas com ferrão, principalmente da espécie Apis mellifera. Essa prática é focada na produção de mel em larga escala, além de outros produtos como cera, própolis e geleia real. Já a criação de abelhas sem ferrão nativas do Brasil, como as já citadas, é conhecida como meliponicultora. Essas abelhas produzem um mel mais raro e valorizado, além da produção ser realizada em menor escala.

O tipo de mel produzido pelas abelhas varia conforme a florada, ou seja, a origem das flores das quais o néctar é coletado, gerando um produto multifloral ou monofloral. A variação da florada influencia o sabor, cor, aroma e propriedades do mel. Entre os mais populares estão o mel silvestre, proveniente de várias flores de campo (multi ou polifloral), com sabor e cor variados, sendo um dos mais comuns no mercado; e entre os monoflorais, estão o mel de laranjeira, de eucalipto, o mel de assa-peixe, destacando a biodiversidade do mel brasileiro.

O mel é um produto versátil que vai muito além de seu uso como adoçante natural. Outros subprodutos incluem: a cera de abelha, própolis, a geleia real e o pólen apícola. Os produtos e subprodutos do mel estão presentes em diversas indústrias, como: a alimentícia (1), por meio do mel como adoçante, ingrediente culinário e em produtos processados; indústria de cosméticos (2), com cera de abelha, a geleia real e o próprio mel sendo ingredientes comuns na composição de cremes, loções, shampoos, e produtos de higiene pessoal; indústria farmacêutica (3), com o própolis e a geleia real fornecendo propriedades terapêuticas para fabricação de medicamentos, suplementos e tratamentos naturais; e outras indústrias (4), como fabricação de velas e outros produtos.

A cadeia produtiva do mel envolve diversos elos, desde a criação de abelhas até a chegada do produto ao consumidor. Tudo começa com os apicultores, que manejam as colmeias e garantem a saúde das abelhas para a produção de mel e outros derivados. Após a extração, o mel passa pelo processamento, que envolve a filtragem, pasteurização e embalagem. Em seguida, o mel é distribuído por empresas de logística e distribuidores que o fazem chegar ao consumidor. A cadeia inclui a indústria de transformação, que utiliza os subprodutos do mel para fabricação de cosméticos, velas, medicamentos e outros produtos.

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção brasileira anual de mel é de, aproximadamente, 60,97 mil toneladas. Entre os principais estados produtores estão o Rio Grande do Sul, com 14,8% do total produzido, seguido do Paraná (14,2%) e do Piauí (13,6%). Ainda segundo o IBGE, o valor da produção chegou a R$ 957,8 milhões em 2022, contando com a contribuição de 350 mil produtores de mel. Nas exportações, o Brasil obteve US$ 85,2 milhões a partir da comercialização de 28,5 mil toneladas de mel, com os Estados Unidos (80% do total), Alemanha (7%) e Canadá (6%) como principais destinos do mel brasileiro, segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (ABEMEL).

Indispensável, ainda, citar a importância que as abelhas para a agricultura, como insetos polinizadores. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), as plantas com flores dependem 85,0% de polinizadores, como as abelhas, para realizar o processo de reprodução. Ainda segundo a FAO, 75% das lavouras agrícolas (produção de alimentos) dependem destes insetos para produção. No Brasil, iniciativas tem sido desenvolvidas, a exemplo do “Colmeia Viva” que promove o uso correto de defensivos e conta com diversas organizações do agro como precursoras.

O futuro da cadeia do mel indica a valorização de práticas sustentáveis e tecnologias que aumentem a produtividade sem comprometer o meio ambiente. A demanda por produtos naturais e saudáveis está crescendo, impulsionando o mercado de mel e seus subprodutos. Além disso, a criação de abelhas em espaços urbanos está ganhando espaço, em maioria de abelhas sem ferrão. Outro destaque é o investimento em rastreabilidade e certificações, que garantem a origem e qualidade do mel, agregando valor ao produto final. Ainda existem novas tecnologias como sensores e softwares para monitoramento de colmeias. Viva o mel!

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinícius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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