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Mundo Agro

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De alimentos a energia renovável, análises sobre o agronegócio

A concentração na gestão de terras no país é ruim para o desenvolvimento?

Uma reflexão sobre as causas do fenômeno e a importância dos pequenos produtores e das cooperativas

Por Marcos Fava Neves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 abr 2025, 09h14

Em meio às discussões sobre sustentabilidade social em área rurais no Brasil, um dos questionamentos comuns se refere a concentração fundiária. Esta concentração na propriedade e principalmente na gestão, que vem acontecendo de forma acelerada, é ruim para o desenvolvimento econômico e social?

A concentração é algo que vem ocorrendo em todos os elos dos sistemas produtivos e em quase todas as indústrias, não apenas na agricultura. Acontece nos varejos, postos de combustíveis, farmácias, fornecedores, transportadoras, tecelagens, entre outros. É um tema complexo de ser tratado, pois são muitos os motivos de saída dos negócios.

Os produtores rurais de pequeno e médio porte exercem um papel fundamental na produção e no abastecimento alimentar do Brasil e do mundo, sendo responsáveis por cerca de 23% dos alimentos consumidos no país, segundo o censo agropecuário do IBGE (2017). Respondem por parcelas significativas da produção de batata, mandioca, do feijão, do arroz, do café; e tem forte presença também na produção de hortaliças e frutas, de frangos, suínos, leite, entre outras. Porém, em algumas culturas a escala é importante para entregar rentabilidade por hectare, entre elas está a soja, o algodão, milho, sorgo, cana entre outras.

As propriedades e empresas de médio e grande porte também dão grande contribuição à economia. Com maior escala, salários mais atrativos e capacidade de investimento, essas propriedades possuem operações e serviços que demandam mão de obra em quantidade e qualidade. A SLC Agrícola, por exemplo, um dos maiores grupos de produção agropecuária do país, possui mais de 4 mil colaboradores e foi avaliada entre as melhores empresas para se trabalhar em rankings como o “Great Place To Work (GPTW)”, reconhecido globalmente. Como esta, são centenas.

Produtores de menor porte que saem por situações econômicas decorrentes de gestão, clima, pragas, doenças representam o maior problema, pois havia o desejo de continuar, e isto não foi possível. Este processo de saída pode ser amenizado com esforços privados e públicos.

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É fundamental a organização cooperativas e associações, que trazem compras conjuntas de insumos, recebimento das produções e comercialização acesso a mercados, fortalecendo a gestão e competitividade. As cooperativas de crédito oferecerem acesso a financiamentos, muitas vezes com taxas mais atrativas e condições mais adaptadas à realidade do campo, como exemplos o Sicoob e a Sicredi. Há vários mecanismos também de valorização da produção vinda de pequenas propriedades junto ao consumidor final que podem trazer melhor remuneração, e devem ser buscados por cooperativas e associações.

Do lado público, são muitas as formas de incentivo à inclusão, desde compras do Estado, programas de treinamento e capacitação, volume de crédito, assistência técnica, registro de terras, apoio jurídico, possibilitar oportunidades de trabalho, entre outros. O papel da pesquisa é importante, especialmente por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) que oferece softwares para gestão de propriedade, análise de custos de produção, contabilidade, dias de campo, palestras, visitas técnicas para produtores de pequeno porte. Há outras organizações Federais, Estaduais e Municipais que promovem apoio.

O importante ao país é a terra estar sendo usada de forma sustentável, pois todo hectare apto a produzir e bem cuidado tem o potencial de gerar investimentos na compra de insumos, energia, combustível, em salários e gerar produtos que trarão renda, exportações e oportunidades de trabalho. Isto independe do tamanho.

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Existindo menos proprietários com mais áreas, o lucro se concentra mais, ficando na mão de um menor número de pessoas. Para o desenvolvimento seria melhor que estivesse mais bem distribuído para gastos fossem feitos por mais famílias proprietárias ou gestoras nos mercados de educação, construção civil, compras de produtos diversos, entre outros. Por outro lado, as propriedades ficando maiores, precisam de mais funcionários contratados, também criando oportunidades. Enfim, é difícil dizer se a concentração atrapalhou o desenvolvimento do setor e do país pois são diversos os fatores envolvidos, mas como o Brasil teve grande crescimento da área produtiva nos últimos anos, este fato deve ter compensado o fato negativo da perda de produtores rurais. O pior cenário é aquele onde o hectare não é usado, pois não se tem investimento e nem geração de renda, mas não é o caso pois estamos crescendo consistentemente.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinícius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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