Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Imagem Blog

Mundo Agro

Por Marcos Fava Neves Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
De alimentos a energia renovável, análises sobre o agronegócio
Continua após publicidade

A agregação de valor dos grãos na proteína animal

Parte importante dos grãos que produzimos são convertidos em produtos de origem animal

Por Marcos Fava Neves
Atualizado em 4 jun 2024, 10h18 - Publicado em 19 out 2023, 17h11

Um dos pontos que eu mais admiro no agro é o trabalho integrado das cadeias de produção animal e vegetal. As cadeias de produção vegetal são aquelas relacionadas às plantas (soja, milho, arroz, feijão, frutas e outras) e as de produção animal, todas cujo produto advém da criação de animais (leite, ovo, queijo, carnes de frango, bovinos, suínos e outros). Essas cadeias se integram com aplicação de sistemas de produção sustentáveis e, ao mesmo tempo, rentáveis. É impossível falarmos das cadeias de proteína animal sem mencionarmos a produção vegetal.

O modelo do agro na produção sustentável de alimentos começa por safras produtivas de grãos, passa pelo processamento e chega até a alimentação do rebanho brasileiro, onde acontece a transformação da proteína vegetal em animal. Isso ocorre porque os principais componentes das rações são o milho (in natura, processado, seco ou úmido) e a soja, utilizada principalmente em forma de farelo. Juntos, esses dois ingredientes representam mais de 80% da composição das rações animais produzidas no Brasil. Costumo brincar que quando vemos um frango, um suíno, eles nada mais são do que “soja e milho andando”.

Hoje, olhando para o comércio global, o Brasil é (2023/24) o maior exportador de carne bovina com 2,9 milhões de toneladas (24,4% de participação, 1 em cada 4 bifes vendidos no mundo); o líder também no frango, com 5,0 milhões de t (35,7% do mercado); e estamos na terceira posição nos suínos com 1,5 milhão de t (14,4% do mercado), apenas atrás de União Europeia e Estados Unidos. A tendência é de crescimento contínuo em todas elas.

Para alimentar as mais de 5,6 bilhões de aves, 230 milhões de cabeças de gado e 45,6 milhões de suínos abatidos por ano no Brasil, o volume de grãos demandado impressiona. Tanto que dos 75,3 milhões de t de milho consumidos internamente em 2022/23, 62,8 milhões de t (83,4%) foram destinados a produção de rações; e dos 56,8 milhões de t consumidas de soja, 24,1 (42,4%) tiveram a alimentação animal como destino final. Esses percentuais são ainda maiores em outros países. Mesmo alocando grãos para proteína animal, o Brasil é o maior exportador global de soja (57,8% do mercado global) com 97 milhões de t; e o primeiro também no milho (30,4% do comércio) com 59 milhões de t em 2022/23. Isso significa que, além de fornecermos a proteína animal ao mundo, também vai a matéria-prima para que eles produzam suas próprias rações e alimentem seus rebanhos, além de outros usos e finalidades, é claro.

Para essa transformação em proteína animal, os grãos passam pelas etapas de 1) beneficiamento, onde vão ser tratados para terem sua qualidade preservada; e 2) processamento, onde processos físicos e químicos transformam o grão em um produto que terá melhor aproveitamento dentro do trato digestivo dos animais. Destinados às fábricas de rações, os grãos processados se juntam à macro e micronutrientes essenciais à alimentação animal e, assim, fornecem energia e vitalidade ao rebanho. Após isso, os processos naturais fazem sua parte dentro do organismo animal e o resultado é a qualidade das carnes brasileiras.

Continua após a publicidade

Outro dado importante de ser mencionado é a participação das cadeias de proteína animal na geração de renda no campo. Segundo o Ministério da Agricultura, em 2023, o Valor Bruto da Produção (VBP) das cadeias da pecuária devem somar R$ 337,7 bilhões, sendo R$ 131,8 da bovina (carne), R$ 86,6 bilhões do frango (carne), e R$ 62,0 bilhões do leite. Suínos e ovos somam R$ 57,2 bilhões. Imaginem todo esse recurso movimentando a indústria de insumos, os investimentos locais, a criação e crescimento de negócios. Criam-se oportunidades para muitas pessoas, tanto que se estima que mais de 4 milhões de brasileiros estejam trabalhando nos elos primário (dentro da porteira) e na agroindústria da produção animal.

As cadeias de proteínas animais contribuem diretamente para desenvolvimento econômico e criação de oportunidades ao nosso país, além do combate à fome no mundo, pois representam maior agregação de valor em comparação à exportação do grão. Caso o Brasil não exportasse frangos e suínos e vendesse internacionalmente apenas o volume de grãos que eles comeram, o valor exportado cairia de US$ 13 bilhões para US$ 3 bilhões por ano. Temos que avançar cada vez mais nos grãos e principalmente nas carnes, oferecendo o que o mundo desejar comprar de forma competitiva.

 

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinicius Cambauva.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.