Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história

Os EUA não foram explorados

O empobrecimento pode vir das ações caóticas de Trump

Por Maílson da Nóbrega 25 out 2025, 08h00

Na posse como presidente americano, Donald Trump foi taxativo: “o declínio americano chegou ao fim”. Em outra frase que se tornou mantra, ele disse que “os Estados Unidos foram explorados” nas suas relações com o resto do mundo. Seu papel seria, pois, o de restaurar a grandeza da economia. Daí o slogan “Make America Great Again”.

Nada disso é verdadeiro. Para começar, os Estados Unidos nunca estiveram em declínio. Em artigo na revista Foreign Affairs (janeiro/fevereiro, 2024), intitulado “The Self-Doubting Superpower: America Shouldn’t Give Up on the World It Made”, Fareed Zakaria utilizou sólidas evidências para provar que acontecia o oposto.

Se a tese sobre exploração fosse procedente, a isso se seguiria um empobrecimento relativo dos americanos. Ocorreu o contrário. Basta comparar o crescimento da economia com o desempenho de seus principais pares no mundo desenvolvido. Nos últimos vinte anos terminados em 2024, segundo cálculos de Silvio Campos, da Tendências Consultoria, a expansão acumulada do PIB dos Estados Unidos foi de 50,8%, enquanto a de seus pares do G7 (os mais ricos do mundo) alcançou 20,7%.

“A economia americana cresceu 50,8% nos últimos vinte anos enquanto a do grupo dos países ricos, 20,7%”

Na verdade, em artigo na mesma revista (setembro/outubro, 2025), “The New Economic Geography: Who Profit in a Post-American World”, Adam Posen mostra que Trump está destruindo o papel que os Estados Unidos desempenharam após a Segunda Guerra. Foi o que se viu com sua atuação como provedor confiável de bens públicos para a economia mundial. Posen listou os mais relevantes, como garantir navegação segura por ar e mar; gerar a pressuposição de que propriedades são livres de expropriação; estabelecer regras para o comércio internacional; e proporcionar uma moeda estável, o dólar, para realizar negócios. Tudo isso equivalia a uma espécie de seguro que a todos beneficiava.

Continua após a publicidade

Para Posen, os Estados Unidos se beneficiaram de variadas formas dos negócios com países que participaram do sistema, incluindo sua capacidade de criar instituições que fizeram com que a economia se tornasse a mais atraente do mundo para os investidores. Ao mesmo tempo, as sociedades que adotaram o sistema não precisaram desenvolver muitos esforços para segurar suas economias contra incertezas, o que as habilitou a se engajarem nas relações de comércio e a se desenvolverem. Com o injustificável tarifaço, esse papel se reduz e ameaça o acesso ao mercado americano. Trump exige que a proteção decorrente de alianças militares esteja condicionada à compra de armamento, energia e produtos industriais americanos. Demanda dos estrangeiros que desejem fazer negócios com os Estados Unidos que invistam no país de acordo com suas prioridades pessoais.

Na verdade, o segurador confiável se transformou em fonte de intimidação e incertezas, o que prejudicará a economia mundial e a dos Estados Unidos. Ao contrário do que Trump pensa, não são os parceiros comerciais que empobrecem a economia americana. Tende a ser ele próprio.

Publicado em VEJA de 24 de outubro de 2025, edição nº 2967

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

O mercado não espera — e você também não pode!
Com a Veja Negócios Digital , você tem acesso imediato às tendências, análises, estratégias e bastidores que movem a economia e os grandes negócios.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.