 
                Na posse como presidente americano, Donald Trump foi taxativo: “o declínio americano chegou ao fim”. Em outra frase que se tornou mantra, ele disse que “os Estados Unidos foram explorados” nas suas relações com o resto do mundo. Seu papel seria, pois, o de restaurar a grandeza da economia. Daí o slogan “Make America Great Again”.
Nada disso é verdadeiro. Para começar, os Estados Unidos nunca estiveram em declínio. Em artigo na revista Foreign Affairs (janeiro/fevereiro, 2024), intitulado “The Self-Doubting Superpower: America Shouldn’t Give Up on the World It Made”, Fareed Zakaria utilizou sólidas evidências para provar que acontecia o oposto.
Se a tese sobre exploração fosse procedente, a isso se seguiria um empobrecimento relativo dos americanos. Ocorreu o contrário. Basta comparar o crescimento da economia com o desempenho de seus principais pares no mundo desenvolvido. Nos últimos vinte anos terminados em 2024, segundo cálculos de Silvio Campos, da Tendências Consultoria, a expansão acumulada do PIB dos Estados Unidos foi de 50,8%, enquanto a de seus pares do G7 (os mais ricos do mundo) alcançou 20,7%.
“A economia americana cresceu 50,8% nos últimos vinte anos enquanto a do grupo dos países ricos, 20,7%”
Na verdade, em artigo na mesma revista (setembro/outubro, 2025), “The New Economic Geography: Who Profit in a Post-American World”, Adam Posen mostra que Trump está destruindo o papel que os Estados Unidos desempenharam após a Segunda Guerra. Foi o que se viu com sua atuação como provedor confiável de bens públicos para a economia mundial. Posen listou os mais relevantes, como garantir navegação segura por ar e mar; gerar a pressuposição de que propriedades são livres de expropriação; estabelecer regras para o comércio internacional; e proporcionar uma moeda estável, o dólar, para realizar negócios. Tudo isso equivalia a uma espécie de seguro que a todos beneficiava.
Para Posen, os Estados Unidos se beneficiaram de variadas formas dos negócios com países que participaram do sistema, incluindo sua capacidade de criar instituições que fizeram com que a economia se tornasse a mais atraente do mundo para os investidores. Ao mesmo tempo, as sociedades que adotaram o sistema não precisaram desenvolver muitos esforços para segurar suas economias contra incertezas, o que as habilitou a se engajarem nas relações de comércio e a se desenvolverem. Com o injustificável tarifaço, esse papel se reduz e ameaça o acesso ao mercado americano. Trump exige que a proteção decorrente de alianças militares esteja condicionada à compra de armamento, energia e produtos industriais americanos. Demanda dos estrangeiros que desejem fazer negócios com os Estados Unidos que invistam no país de acordo com suas prioridades pessoais.
Na verdade, o segurador confiável se transformou em fonte de intimidação e incertezas, o que prejudicará a economia mundial e a dos Estados Unidos. Ao contrário do que Trump pensa, não são os parceiros comerciais que empobrecem a economia americana. Tende a ser ele próprio.
Publicado em VEJA de 24 de outubro de 2025, edição nº 2967
 
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