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Lula pode estar fora do jogo em 2018

Caso seja de fato candidato, Lula pode ir para o segundo, mas dificilmente vencerá

Por Maílson da Nóbrega 28 ago 2017, 08h49

Com 20% a 30% de preferências nas pesquisas sobre o voto para a Presidência em 2018, Lula começou a assustar os que temem sua volta ao poder. Não se pode, é certo, desprezar o carisma e a capacidade do ex-presidente de conquistar mentes menos informadas.

Mesmo assim, Lula já não é tão competitivo. Para o cientista político Cláudio Couto, o petista voltou a ser o que era antes de 2002: “um candidato de piso alto e teto baixo”. O piso alto lhe dá um lugar no segundo turno; o teto baixo lhe retira chances de vitória.

Lula pode tornar-se inelegível caso a sentença do juiz Sergio Moro, que condenou o ex-presidente à prisão, seja confirmada em segunda instância. A análise a seguir considera uma decisão que preserve seus direitos políticos.

A sua vitória de 2002 muito deveu a três mudanças. Primeira, a da imagem, conduzida pelo marqueteiro Duda Mendonça. O mote “Lulinha paz e amor” foi reforçado por filmes plenos de alegria e bom humor exibidos no horário eleitoral. Agora, Lula voltou ao modo radical. Denominou-se “jararaca” quando o juiz Sergio Moro decretou sua condução coercitiva para depor em inquérito policial.

Segunda mudança: atrair um empresário de prestígio, José Alencar, para vice na sua chapa. Isso dissipava o medo de um governo guiado pelas ideias inconsequentes do PT. Para reforçar a mudança, veio a Carta ao Povo Brasileiro, em que Lula afirmava estar comprometido a manter compromissos internacionais (que se interpretou como o acordo com o FMI), cumprir contratos e preservar metas de superávit primário.

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O PT conquistou, assim, apoio de parte do empresariado e financiamento de campanha. Agora, Lula tenta repetir o gesto com o filho de Alencar, Josué, filiado ao PMDB. Não se sabe a reação ao convite, mas parece natural que ele se negue a aceitá-lo. Em 2002, havia chances de vitória. Agora, há incertezas, a maior delas se Lula será candidato. Mesmo que o convite seja aceito, dificilmente isso conquistará apoio do empresariado. E dificilmente será possível mobilizar recursos para repetir a rica campanha de 2002.

Terceira e mais importante mudança: parte considerável da classe média, incluindo as do Sul e Sudeste, decidiu dar uma chance a Lula, o que foi crucial para a sua vitória. Agora, essa mesma classe média tem alta rejeição a ele. Segundo a pesquisa do Datafolha de junho passado, Lula era rejeitado por 46% do eleitorado, mas por 56% no Sudeste e 51% no Sul. A rejeição mais baixa ocorria no eleitorado mais fiel, o do Nordeste, com 26%.

Um presidente nunca se elegeu com rejeição superior a 40%. O percentual pode cair na campanha, mas dificilmente ficará muito abaixo do registrado pelo Datafolha para o Sul e o Sudeste. Assim, caso consiga de fato candidatar-se, o prognóstico de Cláudio Couto tende a ser confirmado: Lula pode ir para o segundo turno, mas dificilmente vencerá.

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