Oferta Relâmpago Democracia: apenas R$ 5,99/mês
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Ideias equivocadas de Lula

Ele poderia primar por bem transmitir suas mensagens

Por Maílson da Nóbrega 14 set 2024, 08h00

O presidente Lula contribuiu para evitar a reeleição de Jair Bolsonaro, um político de pendores autoritários que acalentou, parece, o sonho de tornar-se um ditador. Distanciou-se, todavia, do político pragmático da campanha de 2002, quando abandonou as ideias insustentáveis do programa do PT. Escolheu, então, um banqueiro para presidir o Banco Central (BC), uma maldição para os petistas.

Agora, ele tem defendido visões dissociadas da realidade. Provoca incertezas que influenciam a taxa de câmbio, cujos impactos inflacionários prejudicam as classes menos favorecidas. Acusou o presidente do BC de não ter compromisso com o Brasil, preferindo viajar para Miami. Arvorando-se de especialista em política monetária, disse que a taxa de juros básica, a Selic, é injustificável. Questionou a independência do BC, ignorando que essa é a característica nas nações ricas e em grande parte dos países emergentes, inclusive na América Latina.

Inventou que “no imaginário do mercado, o presidente do BC tem que ser um representante do sistema financeiro”. No seu entender, o chefe da autoridade monetária não é “intocável”. Defendeu o direito de indicá-lo e de “tirar se não gostar”. Ocorre que a tese da independência está consolidada por décadas de experiência e vasta literatura. Com ela, o banco tem a capacidade de resistir aos caprichos de políticos da hora, que buscam reduzir a taxa de juros para elevar sua popularidade. Quando isso aconteceu, a consequência foi inflação alta, como no governo de Dilma Rousseff.

“Ao discorrer sobre temas complexos, líderes precisam se informar e evitar ser traídos por improvisos”

Igualmente equivocado foi seu comentário sobre a Vale, “uma tal de corporate” (corporation), a qual seria um “cachorro com muito dono”, que por isso morre de fome ou de sede. “É importante que essas empresas tenham nome, cara, identidade, porque assim o povo tem a quem cobrar.” Corporation é a empresa cujo controle acionário é disperso. É o modo mais avançado de organização de empresas de grande porte com ações negociadas no mercado.

Continua após a publicidade

Lula goza de muita credibilidade entre os menos informados e entre letrados que não entendem como funcionam a política monetária e as grandes empresas. Suas declarações animam integrantes de seu governo a fazer afirmações semelhantes. Foi o caso do ministro de Minas e Energia, o qual, violando regras mínimas da liturgia e urbanidade que o cargo exige, declarou que iria ter a “alegria” de ver a saída de Roberto Campos Neto do comando do BC. O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) falou em “sabotagem explícita” de Campos, que “espalha pessimismo” entre empresários.

Quando a maior autoridade do país e auxiliares falam em solenidades ou entrevistas, seus comentários costumam ter repercussões, positivas ou negativas. Ao discorrer sobre temas complexos como os aqui comentados, é recomendável que se informem adequadamente, evitando ser traídos por improvisos inconsequentes. É assim que agem os líderes que acertam ao transmitir suas mensagens.

Publicado em VEJA de 13 de setembro de 2024, edição nº 2910

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 9,98 por revista)

a partir de 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.