ASSINE VEJA NEGÓCIOS
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história

Aumentam os riscos de colapso fiscal

A percepção de fracasso total ou parcial da reforma da Previdência acarretaria volta da alta inflação e rápida deterioração do ambiente econômico

Por Maílson da Nóbrega 30 set 2018, 11h00

O Brasil vive uma insustentável situação fiscal. A relação dívida/PIB, que era de 51% do PIB em 2013, passa de 77% atualmente e deve superar 80% no próximo ano. Apesar dessa trajetória explosiva, o Tesouro tem vendido normalmente seus títulos nos mercados. Até os estrangeiros, que detêm cerca de 11% da dívida, estão despreocupados.

A explicação é uma narrativa segundo a qual a relação dívida/PIB vai se estabilizar em torno de 90% por volta de 2022 e depois começará a declinar, afastando os riscos de insolvência do Tesouro. Essa narrativa se completa com a convicção de que a reforma da Previdência – crucial para assegurar essa trajetória – acontecerá no governo do presidente a ser eleito em 2018, qualquer que seja o vencedor.

As pesquisas eleitorais sugerem que o próximo presidente será Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad. Será que qualquer um deles conseguirá formar uma maioria parlamentar estável e articular o apoio da sociedade e do Congresso para obter a aprovação da reforma?

Por ora, são baixos os sinais de que possuam esses atributos. Bolsonaro é o que parece deter as maiores chances de formar uma coalização majoritária, mas sua proposta de reforma da Previdência não é adequada. Paulo Guedes, seu futuro ministro da Fazenda, propõe um regime de capitalização, pelo qual cada segurado contribuirá para uma conta individual que será a fonte de sua aposentadoria. Desse modo, o governo perderá toda a arrecadação previdenciária e arcará com o pagamento dos benefícios de quem já se aposentou. Isso geraria déficit previdenciário ainda mais explosivo do que o atual. Guedes até hoje não explicou como seria financiada a transição entre um regime e outro.

Haddad tende a enfrentar dificuldades para formar sua base parlamentar, que para ser majoritária precisa incluir o centrão. Acontece que o petista pode ter queimado pontes com esse grupo ao acusar seus parlamentares de terem dado um golpe no impeachment de Dilma Rousseff. Além disso, o PT foi contra a reforma previdenciária de Michel Temer, enquanto um dos formuladores do programa econômico do partido, Márcio Pochmann, diz que não há necessidade da reforma, mas apenas de ajustes pontuais.

Continua após a publicidade

Em resumo, a não ser que haja mudanças de peso nas propostas dos candidatos e demonstração inequívoca da capacidade de formação de uma maioria, além de conquista da opinião pública para a medida, podemos estar caminhando para a frustração da reforma ou para um projeto diluído, longe das expectativas do mercado financeiro. A narrativa do mercado implodiria, sendo substituída pela percepção de próximo colapso fiscal.

A percepção de risco de colapso fiscal provocaria dificuldades do Tesouro de vender seus títulos. A consequência seria o calote da dívida ou a volta da inflação elevada e sem controle. A deterioração da confiança e do ambiente econômico seria muito rápida.
Fala-se que Temer negociaria a reforma com o novo presidente logo após as eleições. Como isso não será fácil, o cenário de colapso fiscal pode estar avizinhando-se.

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.