A respiração das pessoas é única
Um estudo revela novas possibilidades para técnicas de diagnóstico médico e de validação da biometria

Pode não parecer, já que esta é uma atividade tão comum, mas a respiração é resultado de uma combinação complexa de sistemas neurológicos e seus padrões estão diretamente relacionados ao estado de saúde — como bem sabe toda pessoa que já se submeteu a um estetoscópio, um instrumento criado em 1816, pelo médico francês René Laënnec, e que nunca mais deixou de fazer parte da lista de equipamentos dos consultórios.
A novidade, confirmada por uma pesquisa publicada em julho no jornal acadêmico americano Current Biology, é que o modo como uma pessoa respira não apenas produz informações úteis para estabelecer diagnósticos, mas também pode representar um padrão de identidade, tanto quanto as impressões digitais e a íris dos olhos.
O estudo responsável por essa descoberta foi desenvolvido por pesquisadores israelenses ligados ao Instituto de Ciências Weizmann. Partindo do princípio de que a respiração é controlada por diferentes áreas do cérebro que atuam de maneira coordenada, eles reuniram um grupo de 97 voluntários e os colocaram para passar 24 horas com um equipamento ligado às narinas, que acompanhava a duração de cada respiração.
O mapeamento foi processado e os pesquisadores conseguiram identificar os participantes, de acordo com seu padrão respiratório, com 96,8% de precisão. Eles encontraram conexões entre o ciclo respiratório e a condição mental e física de uma pessoa. O estudo abre portas para novas técnicas de biometria, além de possibilitar a identificação de possíveis problemas mentais e emocionais, como ansiedade e depressão, com base na análise da forma como a pessoa respira.
Publicado em VEJA, agosto de 2025, edição VEJA Negócios nº 17