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Alexandre Schwartsman

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Economista, ex-diretor do Banco Central
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Só é se lhe parece

Receios de recessão nos Estados Unidos soam exagerados

Por Alexandre Schwartsman Atualizado em 9 ago 2024, 09h21 - Publicado em 9 ago 2024, 06h00

Os dados mais recentes do mercado de trabalho americano vieram piores do que o esperado. Tanto a criação de novos postos de trabalho (114 000) quanto a taxa de desemprego (4,3%) desapontaram também relativamente ao observado até meados deste ano, quando a geração atingiu perto de 220 000 vagas por mês, enquanto o desemprego médio ficou ao redor de 3,9%.

A reação do mercado financeiro foi imediata. Com receio de que a economia americana entre em recessão, taxas de juros caíram, o dólar perdeu valor contra as moedas de países desenvolvidos e as bolsas sofreram, com repercussões pelo mundo todo, inclusive por aqui.

Há mesmo motivo para se preocupar com uma recessão nos Estados Unidos? Bem, sempre há; afinal de contas, mesmo com o peso crescente da China, os EUA ainda representam perto de um quarto da economia global. Quando pegam um resfriado, diz o ditado, o resto do mundo corre o risco de pegar uma séria gripe.

A questão, porém, é se há razões concretas para tanto. Entendo que não. A economia americana deve continuar a mostrar alguma desaceleração, isto é, crescimento ainda positivo, porém em ritmo mais lento, mas não uma recessão propriamente dita.

Apesar dos números mais fracos do mercado de trabalho em julho, outros indicadores sugerem que a economia permanece firme. As empresas americanas, por exemplo, apresentaram em junho algo como 8,2 milhões de vagas em aberto, isto é, posições que não conseguem preencher. Comparando, o desemprego total naquele mês atingia 6,8 milhões. Há, portanto, mais ofertas de emprego do que pessoas disponíveis para ocupar as vagas.

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“O mercado de trabalho americano ainda precisa de desaceleração para trazer a inflação de volta à meta”

Obviamente, não há, nem nunca houve, casamento perfeito entre vagas e desempregados. Alguns empregos requerem habilidades que não necessariamente estão disponíveis; ou estão, mas em lugares distantes; ou, ainda, faltam mecanismos que tornem tais “casamentos” viáveis. Por vários motivos, é natural que nem todas as vagas possam ser preenchidas.

Mesmo, porém, levando tais imperfeições (ou “fricções”) em consideração, em termos históricos a relação entre vagas em aberto e a taxa de desemprego permanece em patamares bastante superiores aos observados em períodos recessivos. Hoje, tal relação se encontra perto de 1,2; nas recessões deste século, entre 0,4 e 0,6.

Em particular, momentos de relativo equilíbrio no mercado de trabalho, quando o crescimento dos salários se alinha ao necessário para manter a inflação na meta, registram valores na casa de 0,7 a 0,8. Ou seja, não apenas o mercado de trabalho parece distante de uma recessão, como provavelmente ainda precisa passar por alguma desaceleração para trazer a inflação de volta à meta.

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Dado isso, ainda espero que o Federal Reserve comece a reduzir a taxa de juros em setembro, já se antecipando à convergência da inflação à meta, esperada para ocorrer ao longo de 2025.

Não podemos, contudo, imaginar que isso se traduzirá em movimento similar aqui no Brasil. Ao contrário dos EUA, registramos acentuação do aperto no mercado de trabalho, que pressiona a inflação em geral (e os preços dos serviços em particular). O BC ainda toureia para não ter de subir o juro.

Publicado em VEJA de 9 de agosto de 2024, edição nº 2905

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