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Alexandre Schwartsman

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Economista, ex-diretor do Banco Central
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Por que o Brasil cresce pouco?

O desempenho pobre da produtividade limita o crescimento

Por Alexandre Schwartsman Atualizado em 20 set 2024, 12h56 - Publicado em 20 set 2024, 06h00

A pergunta pode parecer estranha, depois do crescimento forte do país na primeira metade do ano e indicações de que, pelo terceiro ano consecutivo, o PIB deve aumentar na casa de 3%. No entanto, o crescimento médio de países emergentes no mesmo período superou 4%, enquanto até a economia americana, já madura, cresce a cerca de 2,5% ao ano.

A diferença não é modesta: ao ritmo de 3% ao ano, a economia dobra de tamanho a cada 23 anos; a 4% ao ano, bastam dezoito anos. Parte da história parece ligada ao baixo investimento no país. Segundo dados do FMI, a mediana da taxa de investimento em países emergentes tem sido ao redor de 25% do PIB; no Brasil, apesar da recuperação recente, o investimento equivale a apenas 16,5% do PIB, e mesmo no seu melhor momento das últimas décadas, em 2013, mal alcançou 21% do PIB.

O dado mais preocupante, porém, não é o fraco investimento, ainda que inquietante, mas sim o desempenho da produtividade.

Tive recentemente a oportunidade de ler um trabalho de Fernando Veloso, em que o autor levanta a evolução do produto por trabalhador de 1981 a 2023. Segundo ele, ao longo desse período, que coincide com a forte desaceleração do crescimento do PIB, a produtividade aumentou apenas 0,2% ao ano. Mesmo se tomarmos um período mais recente, digamos, desde o momento imediatamente anterior à pandemia até agora, a expansão não passa de 0,5% ao ano.

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“A agenda de maior integração internacional se torna a cada dia mais urgente para a economia do país”

Em mais detalhe, dentre os vários setores econômicos, apenas a agricultura apresenta aumento robusto da produtividade. Tanto na indústria quanto nos serviços, ao longo desse intervalo mais recente, o produto (no caso por hora trabalhada) fica, para todos os fins práticos, estagnado. Sempre de acordo com Veloso, o desempenho sofrível não decorre de supostamente darmos peso indevido a setores “atrasados”, mas do baixo crescimento em cada setor individualmente (com as exceções de praxe).

Não é por outro motivo que, poucos meses após ter encerrado o ciclo de redução de taxa de juros, o BC se viu obrigado a voltar a elevar a Selic. Há sintomas de sobreaquecimento, que transparecem na inflexão da inflação a partir de maio. Mesmo o crescimento de 3% ao ano parece ser mais do que a economia consegue suportar sem que a inflação se acelere, sugerindo que o ritmo sustentável é ainda menor que isso. Já as causas do desempenho ruim da produtividade são mais difíceis de identificar, embora o investimento reduzido, portanto a baixa incorporação de tecnologia de máquinas e equipamentos mais novos, pareça ser um motivo.

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Dentre muitos, quero chamar atenção hoje para o fechamento relativo da economia às importações. Tarifas elevadas de importação, assim como barreiras não tarifárias, reduzem o uso de máquinas e bens intermediários mais avançados, com efeitos negativos sobre a produtividade. Também preservam indústrias sem condições de concorrer internacionalmente. Obviamente, seus donos não pensam assim, mas, para todos os demais, tais indústrias “puxam” para baixo a capacidade de crescimento. Recursos nelas aplicados poderiam gerar retornos maiores em outros setores.

A agenda de maior integração internacional se torna a cada dia mais urgente para a economia brasileira.

Publicado em VEJA de 20 de setembro de 2024, edição nº 2911

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