Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Alexandre Schwartsman

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Economista, ex-diretor do Banco Central
Continua após publicidade

Até quando?

A linha de crédito do ministro Haddad está chegando ao fim

Por Alexandre Schwartsman Atualizado em 14 jun 2024, 11h28 - Publicado em 14 jun 2024, 06h00

Não escapa a ninguém a sequência de erros cometida pelo governo nas últimas semanas. Parte disso se relaciona à piora do ambiente internacional, mas não deve ser visto como justificativa, pelo contrário.

Num mundo mais complacente, com a perspectiva de juros mais baixos, como prevalecia no começo do ano, a tática de ir empurrando os problemas com a barriga à espera da próxima eleição se tornara uma escolha tentadora, embora arriscada. Quando a maré muda, como mudou, as questões não resolvidas se tornam mais visíveis, assim como a ausência de um plano de voo para lidar com elas.

Era (e é) evidente que o “novo arcabouço fiscal” não serve para lidar com o forte desequilíbrio fiscal recriado pela emenda constitucional que acabou com o teto de gastos. Ao permitir salto considerável da despesa e reintroduzir (de forma intencional, ou não) as vinculações de despesas de saúde e educação ao desempenho das receitas, as novas regras tornavam inviáveis o cumprimento das metas fiscais, como alertado por todos os economistas que fizeram um mínimo de contas a respeito. A dívida pública voltaria a subir e, com ela, a percepção de riscos e, portanto, as taxas reais de juros, principalmente nos horizontes mais longos, bem como o dólar.

O que se vê desde que o ambiente internacional ficou mais carregado, portanto, são esforços mal articulados para lidar com as dificuldades relacionadas a essa causa básica, sempre, diga-se, pela via de elevação de tributos; jamais no caminho de racionalização do gasto, desvinculação do Orçamento e outros temas difíceis.

“O quadro é de um ministro da Fazenda acuado, não só pelo mercado financeiro, mas pelo partido de base do governo”

Continua após a publicidade

É nesse contexto que vemos o aumento dos impostos sobre importação devidamente acobertado num projeto de lei que tratava de assunto absolutamente desconexo (um verdadeiro “jabuti”, na linguagem parlamentar). Ou ainda a desastrada medida provisória que limita a compensação de créditos de PIS-Cofins, cujos efeitos sobre o setor produtivo em geral, mas particularmente sobre o segmento exportador, serão devastadores.

Fica claro, pois, que a política econômica — se é que merece tal nome — hoje se reduz a tentar levar adiante pautas caras à Receita Federal, cujo único objetivo é tentar aumentar a arrecadação, sem nenhuma preocupação com eficiência, produtividade ou justiça, na exata contramão do que se propõe com a reforma tributária.

O quadro que se forma é de um ministro da Fazenda acuado, não só pelo mercado financeiro, que aos poucos lhe retira o voto de confiança concedido no ano passado, mas principalmente pelo partido de sustentação do governo, um eco do triste processo a que foi submetido Joaquim Levy em 2015.

Continua após a publicidade

O problema não é o de eventuais vazamentos de conversas entre o ministro e o mercado financeiro, mas o pano de fundo onde se encaixa. Se houvesse um programa crível e um ministro realmente empoderado para levá-lo adiante, fofocas de mercado seriam vistas por exatamente aquilo que são.

Na ausência desses pré-requisitos, qualquer rumor ganha força, não porque seja necessariamente verdadeiro, mas porque pode sê-lo. E, a levar em conta a postura omissa, quando não hostil, do presidente, provavelmente será.

Publicado em VEJA de 14 de junho de 2024, edição nº 2897

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.