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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)

Sem chuva, o risco de apagões aumenta

A possibilidade de racionamento de energia é o elefante na sala da retomada da economia

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 jul 2021, 17h35

Os cenários de retomada da economia com o avanço da vacinação minimizam um elefante na sala, a estiagem ao longo do ano vai aumentar o valor da conta de luz e a cada semana cresce a possibilidade de algum tipo de racionamento de energia. A história mostra que elefantes não desaparecem das salas por vontade própria.

Chove pouco neste ano no Brasil. É o pior índice pluviométrico em vinte anos, com o consumo na maior alta desde 2004. Não é preciso desenhar um gráfico para imaginar que essas curvas apontam para um desastre. A partir de agosto o Brasil pode começar a ter quedas cortes pontuais de energia nos horários de pico de consumo conhecidos como “apagões”. Há o risco real de haver racionamento no fornecimento de energia elétrica se o quadro não mudar, de acordo com cenário da CBIE Advisory (Centro Brasileiro de Infraestrutura) com dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

Nas próximas semanas, consumidores particulares começam a receber uma sobretaxa de 52% a cada 100 kWh consumidos, resultado do uso intensivo das usinas termoelétricas e a base de diesel.

Dias atrás, o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, convocou uma rede nacional de TV para apelar à população pelo “uso racional” da energia. Ele descartou o racionamento. “É com serenidade, portanto, que tranquilizamos a todos”, disse, dando a impressão que reduzir cinco minutos do tempo do banho para evitar um apagão. O impacto foi nulo.

“Sou cética sobre a possibilidade de apelos para a população dar resultado. Se dourar a pílula, ninguém vai entender ou apoiar medidas excepcionais. Se não for perigo real e imediato, os sacrifícios exigidos de todos, por igual, não terá apoio”, escreveu a economista Elena Landau, no Estadão. “A negociação do governo com a indústria está num impasse. Elas exigem uma compensação financeira muito maior que a oferecida pelo governo. Se comportam como se estivessem fazendo um favor ao País. Como a indústria sabe que o governo está com um olho no crescimento e outro na inflação, usam essa vantagem, deixando o ministro vendido. Mas se houver apagão, não há produção. Perdem todos”.

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De acordo com o CBIE, O apagão deve acontecer se a média de longo tempo de chuvas ficar abaixo dos 61,5% da média histórica, índice que pode alcançado já nesta sexta-feira, 16. “Cortes pontuais de energia nos horários de pico de consumo podem acontecer já a partir de agosto. A discussão que existe é se haverá necessidade de medidas de racionamento de consumo mandatórias e em qual magnitude“, disse.“, disse Bruno Pascon, diretor da CBIE ao Poder360.

O Brasil teve uma amarga experiência com o apagão em 2001. Em suas memórias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ter sido surpreendido “como raio em céu azul” quando foi informado do tamanho da crise. Na verdade, nunca houve céu azul. A economia que patinava com os efeitos do fim câmbio fixo foi asfixiada com as altas de até 30% no custo de energia. A partir junho de 2001, um terço da iluminação pública das ruas foi apagado, as indústrias tiveram de mudar seus horários e todos foram obrigados a reduzir o consumo em 20%. O elefante do apagão demorou nove meses para ir embora e arrastou consigo a possibilidade de retomada econômica. Vinte anos depois, o elefante voltou.

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