Por que dezenas de empresas estão desistindo de fazer IPO
Ontem foi a vez da Privalia comunicar oficialmente à CVM que está desistindo de se lançar na bolsa de valores
Os dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostram que dezenas de empresas estão desistindo de fazer IPOs. Ontem, a Privalia comunicou oficialmente a desistência à CVM, engrossando o caldo. Já são quase 30 IPOs cancelados no ano. Mas por que tanta gente está desistindo? O advogado especialista em mercado financeiro, Eduardo Boulos, do escritório Cascione Pulino Boulos Advogados, diz que boa parte se resume a preço. Ele conta que quando os bancos venderam a ideia de IPO às empresas o mercado era outro. Um IPO leva, num cenário otimista, seis meses para ir para rua. Se tiver muita sorte, pode levar só três meses. E o que aconteceu neste meio tempo? O dinheiro ficou caro. Os juros subiram aqui e nos Estados Unidos. O investidor estrangeiro fugiu. “Quando o empresário comprou a ideia do IPO, o banco falou em fazer fortuna e, de repente, o mercado quer um desconto de 30%. Aí o empresário deixa para depois e começa a avaliar propostas de fundos de private equity”, diz Boulos. “E na medida em que o risco político se aproxima (eleições 2022), vai ter mais desistência”.
Quem está levando as operações adiante está tendo que dar descontos que vão de 10% a 30% da banda inferior da faixa de preço inicialmente proposta. Uma das poucas exceções agora em abril foi o IPO da Caixa Seguridade que fechou o livro de ofertas na terça-feira, 27. O preço ficou bem próximo da faixa inferior proposta e, mesmo assim, depois de muito esforço de venda no varejo. Mais da metade dos 5 bilhões de reais da operação chegaram ao banco pelas mãos do investidor de varejo. As ações da Caixa Seguridade começam a ser negociadas nesta quinta-feira, 29, na bolsa de valores.