Agência de transporte de SP constrange a Buser e outros aplicativos
Posicionamentos de diretor da agência vão na contramão da livre iniciativa
A associação de empresas de tecnologia, a Amobitec, se reuniu, na última segunda-feira, 9, com a diretoria da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), para discutir problemas em uma consulta pública iniciada pela agência acerca de normas para restringir a ação de aplicativos no transporte por ônibus nas rodovias de São Paulo, como a Buser. O que ouviram não foi exatamente o que esperavam: “tem que regular esses aplicativos logo, porque crescem muito rápido” e “não vamos fazer a análise de impacto econômico das medidas porque não temos como”. Na reunião, além da associação, estavam presentes os deputados estaduais Sérgio Victor (Novo) e Ricardo Mellão (Novo), que têm criticado as propostas da Artesp.
Em um momento descrito pelos participantes como constrangedor, o Diretor de Planejamento da Artesp, Sebastião Ricardo Carvalho Martins, aparentemente esqueceu de desligar seu microfone e foi ouvido claramente, ao fundo, ironizando os presentes. “Essas empresas com papinho de livre iniciativa… Tem que pegar pesado mesmo” e “tem que pegar um deputado bom pra botar o dedo na cara desse Mellão, aí quero ver”, referindo-se ao deputado do Novo. Sobrou até para o governador João Doria (PSDB). “Tem que lidar com isso logo, porque se chegar no Doria, aí você sabe como ele é, né?”, afirmou, segundo relatos feitos ao Radar Econômico.
Instada pelos presentes a compartilhar a gravação da videoconferência, a Artesp afirmou que dessa vez ninguém se lembrou de apertar o botão para gravar a reunião.
Atualização 17/11: A Artesp enviou uma nota ao Radar Econômico, que você lê, abaixo, na íntegra:
A iniciativa de abrir uma Consulta Pública para ouvir empresas e a própria população para melhorar o serviço de transporte intermunicipal do estado partiu da Artesp, o que só reforça seu compromisso de diálogo. A entidade segue recebendo contribuições e aberta a debater o assunto, tendo sempre como norte a garantia da segurança e da boa prestação de serviço aos passageiros. Não cabe, portanto, qualquer acusação de constrangimento por parte das empresas de tecnologia e aplicativos, que também estão sendo ouvidos ao longo do processo.
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