Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Murillo de Aragão
Continua após publicidade

O caos obriga ao entendimento

Sem diálogo e cooperação, as sequelas da pandemia serão piores

Por Murillo de Aragão Atualizado em 27 mar 2020, 09h30 - Publicado em 27 mar 2020, 06h00

É recorrente usar a II Guerra Mundial como exemplo de gestão de crise. Quando a Inglaterra, finalmente, descobriu que o confronto com a Alemanha nazista era inevitável, rendeu-se aos fatos.

Para liderar o esforço de participar de um conflito que não queriam, os britânicos chamaram Winston Churchill, o único homem então capaz de unir governo e oposição — ambos mais civilizados que os nossos — em torno de um projeto comum. Mas não foi apenas Churchill que ganhou a guerra. Todos se uniram e trabalharam em conjunto. Não é o que ocorre por aqui.

O acaso nos meteu, provavelmente, na maior crise sanitária desde a gripe espanhola e nos pegou desprevenidos para enfrentar o desafio. Contudo, estamos há mais de dois meses com a ameaça da pandemia do novo coronavírus nos rondando, e, desde então, apesar das medidas tomadas, os avanços não são os necessários. O bate-boca institucional, entre a União e os estados, dificulta o esforço comum que deve ser feito. Não é disso que precisamos.

Para simplificar o que está por vir, vamos considerar três cenários: o pior possível, um intermediário e um benigno. O pior cenário seria algo parecido com o que ocorre com a Itália. O melhor cenário seria, simplesmente, um brutal arrefecimento do processo de contaminação. O bom senso nos mostra que podemos ter algo intermediário. Mesmo assim, caminhamos em uma jornada sem mapas com a expectativa de que, no fim de abril, nosso sistema de saúde possa entrar em colapso. O SUS está pressionado e a economia já sofre com a desaceleração. Como vencer os desafios de atender os doentes, evitar uma contaminação generalizada e, ainda, esquivar-se de uma recessão de imensas proporções?

“O cenário que se desenha pode ser ainda mais grave por causa da confrontação institucional”

Continua após a publicidade

Não temos convencimento das soluções que devem ser adotadas. Falta-nos direção. Pior é a ausência de uma narrativa mobilizadora. Não há uma comunicação efetiva, já que as esferas públicas estão em conflito e, muitas vezes, sem convicção acerca do que fazer. Assim, o cenário que se desenha pode ser ainda mais grave por causa da crise institucional que está instalada. Em meio a um ambiente de disputa entre poderes, nos três níveis, imagine os desdobramentos do aumento de contaminados com sintomas graves diante das limitações de nosso sistema de saúde. Não julgo aqui o mérito das iniciativas de cada ator político. Mas o fato inconteste é que a crise do coronavírus exige serenidade, entendimento e ação coordenada da União, estados e municípios.

Tenho a certeza de que um conflito institucional não nos ajuda. O Brasil necessita de um ambiente de unidade nacional para vencer a epidemia e seus efeitos. O Congresso terá de aprovar medidas. União, estados e municípios terão de implementar iniciativas em conjunto. As agendas eleitorais dos atores políticos — em especial o presidente da República e os governadores do Rio e São Paulo — precisam ficar de lado perante o drama que vamos viver. O fim da história, por melhor que seja a ação dos governos, será dramático para milhões que perderão o emprego e para centenas de milhares de pessoas que serão acometidas pelo vírus. Eles merecem o compromisso, a união e uma ação integrada dos poderes públicos.

Publicado em VEJA de 1 de abril de 2020, edição nº 2680

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.