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PIB: mistério nos estoques?

A variação incomum é reflexo da reorganização da produção

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2021, 09h50 - Publicado em 4 jun 2021, 06h00

O comportamento dos estoques no resultado do PIB do primeiro trimestre motivou estranhamentos. Chegou-se a calcular um crescimento de 2%, o que não seria usual. Sem isso, falou-se, o PIB poderia ter caído no período.

O IBGE calcula o PIB sob duas ópticas principais: a da demanda e a da oferta. Na demanda, se computam o consumo das famílias, o consumo do governo, a formação bruta de capital (parcela básica do investimento) e as importações e exportações de bens e serviços. Na oferta, entram a produção da agropecuária, da indústria (que compreende as áreas de transformação, produção e distribuição de energia elétrica, e construção) e dos serviços, além dos impostos.

Esses dois lados costumam não ser iguais. A diferença é a variação dos estoques entre trimestres ou anos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima essa variação como sendo a diferença entre os valores de entrada e saída de mercadorias. Quando a demanda supera a oferta, a variação de estoques é negativa. Em caso contrário, é positiva.

A pandemia influenciou a variação dos estoques nos últimos três trimestres de 2020, provocando resultados negativos distintos do padrão histórico. Isso porque a desorganização das cadeias produtivas fez cair a oferta de matérias-primas, partes, peças e componentes para a produção industrial. Houve muitas interrupções.

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“Mesmo com a diminuição do isolamento social, a oferta de bens e produtos foi maior que a demanda”

Ocorre que em muitos casos a demanda se manteve ativa, ainda que menor, ou cresceu mais rapidamente do que a oferta em determinados segmentos. Assim, o consumo dos estoques situou-se acima do usual, o que acarretou variação negativa naqueles três trimestres. Dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostraram diferenças, que fugiam do habitual, entre estoques efetivos e planejados.

Nos primeiros meses de 2021, com a regularização gradativa das cadeias produtivas, os estoques começaram a se normalizar. Simultaneamente, a demanda das famílias se expandiu acima das expectativas, o que foi corroborado pela menor adesão ao isolamento social. Tal comportamento aparece nos indicadores de mobilidade do Google. A observância das regras foi baixa nos primeiros dois meses do ano e praticamente desapareceu em março. Mesmo assim, a produção no período ultrapassou o consumo, ocasionando a surpreendente variação positiva de estoques.

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Em resumo, as variações dos estoques fora do padrão derivaram dos efeitos da pandemia sobre as cadeias produtivas e, mais recentemente, da normalização desses estoques em vários segmentos da indústria. A continuidade desse processo tende a corrigir a situação nos próximos trimestres, sem interferir, porém, no ritmo esperado para a atividade econômica ao longo de 2021. De fato, pesquisas e sondagens efetuadas pelo IBGE nos meses de abril e maio evidenciam a continuidade da recuperação econômica.

Por estranhos que possam ter sido os resultados da variação de estoques, nunca estiveram em dúvida a sólida credibilidade do IBGE e a procedência de suas estatísticas.

Publicado em VEJA de 9 de junho de 2021, edição nº 2741

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