PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

O liberalismo vai mudar (de novo)

A ideologia do Estado mínimo tende a ficar para trás

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 14h36 - Publicado em 15 Maio 2020, 06h00

A pandemia de Covid-19 pode vir a ser a lente de aumento que fará um alerta para a desigualdade social — crescente no mundo rico nos últimos anos — e para ideias obsoletas do Estado mínimo. As visões liberais tendem a mudar.

Em seu aspecto político, o liberalismo nasceu com o Iluminismo (séculos XVII e XVIII), que defendia o individualismo e o fim do absolutismo, além da promoção da liberdade, da tolerância e da separação Igreja-Estado. Dele derivaram as três grandes revoluções do período: a Revolução Gloriosa inglesa, a Revolução Americana e a Revolução Francesa.

Muitas foram as conquistas, mas, no início, os liberais desconfiavam da democracia, temendo a tirania da maioria. John Stuart Mill, o liberal mais influente do século XIX e autor da obra clássica On Liberty, advogava o voto plural ponderado pela educação. O trabalhador não qualificado teria peso um; o qualificado, dois; o superintendente, três; e assim por diante. No topo, o voto de profissionais bem educados seria multiplicado por seis.

No início do século XIX, em sua vertente econômica, o liberalismo provara os benefícios do capitalismo. No plano político, realçara o valor da liberdade de expressão e de imprensa. Mesmo assim, a cidadania limitava-se aos direitos civis. Direitos políticos do voto universal apareceram para os homens em 1830 nos EUA (restrito aos brancos) e em 1884 no Reino Unido. Lá, as mulheres passaram a votar nos anos 1920. Na Suíça, em 1971.

Mudanças virão, agora voltadas para reduzir a desigualdade e melhorar a distribuição de renda

Continua após a publicidade

Direitos sociais como os de sindicalização e limitação das horas de trabalho surgiram no fim do século XIX. Tornaram-se plenos com a Grande Depressão e com o Estado de bem-estar social do pós-guerra. No Brasil, a plenitude esperou a democratização.

No alvorecer do século XX, a concentração de renda derivada do capitalismo sem freios justificou a expansão de direitos trabalhistas e a criação do imposto de renda progressivo. Nos anos 1960-1970, o esgotamento e os excessos de políticas keynesianas de anos anteriores acarretaram mudanças. As ideias da Escola de Chicago e de dois de seus mais ilustres mestres, Friedrich Hayek e Milton Friedman — ambos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia —, influenciaram os governos de Ronald Reagan e Margaret Thatcher, pautados por redução do papel do Estado, austeridade fiscal, desregulação e privatização.

Tais políticas provocaram, não intencionalmente, desigualdade e concentração de renda sem paralelo. Atualmente, nos EUA, 1% da população abocanha 42% da riqueza. A participação dos trabalhadores na renda, de 65% nos anos 1970, caiu desde então para menos de 60%. Viu-se o mesmo em outros países.

Continua após a publicidade

Hoje, copiosa literatura realça essa realidade. O Fórum de Davos fala em Stakeholder Capitalism, isto é, com atenção focalizada em todos os interesses, e não apenas nos acionistas. Ideias ultraliberais perdem apelo. Mudanças virão, agora voltadas para reduzir a desigualdade e melhorar a distribuição de renda. A pandemia pode acelerar o debate.

Publicado em VEJA de 20 de maio de 2020, edição nº 2687

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.