União Europeia e China aderem a coalizão liderada pelo Brasil para integrar mercados de carbono
Brasil busca liderar integração global dos mercados de carbono, em iniciativa que une grandes emissores e promete dar escala à descarbonização mundial
A União Europeia e a China decidiram se unir ao Brasil em uma nova coalizão internacional voltada à integração dos mercados de carbono, uma das principais propostas que o governo brasileiro leva à COP30, em Belém.
O grupo também conta com Reino Unido, Canadá, Chile, Armênia e Zâmbia e deve ser formalmente lançado nesta sexta-feira (7), segundo uma fonte com conhecimento das negociações.
A iniciativa pretende criar um fórum permanente de cooperação entre países que já operam ou planejam implementar sistemas de precificação de carbono.
A ideia é harmonizar práticas, aumentar a transparência e estimular o comércio internacional de créditos de emissão, etapa considerada essencial para dar escala à descarbonização da economia global.
Atualmente, existem mais de 40 tributos sobre carbono e 35 sistemas de comércio de emissões em vigor no mundo, cada um com regras próprias.
O Brasil acredita que a integração entre esses mecanismos pode ser um dos principais legados da COP30, ao facilitar transações, reduzir custos e ampliar o impacto climático das compensações.
Os mercados de carbono funcionam de forma semelhante a bolsas de valores: empresas que emitem menos gases de efeito estufa do que o limite permitido podem vender seus créditos excedentes para aquelas que ultrapassam o teto.
Ao criar um preço para a poluição, o sistema incentiva o investimento em tecnologias limpas e penaliza práticas mais emissoras.
Segundo fontes ligadas às negociações, outros países poderão aderir à coalizão nas próximas semanas.
A proposta é que o grupo atue como um “clube climático” dedicado a estabelecer padrões mínimos de integridade e rastreabilidade dos créditos, evitando a proliferação de mercados paralelos e de baixa credibilidade.
A formação da aliança ocorre em meio a um avanço global no debate sobre mercados de carbono transnacionais. Em 2023, a ONU aprovou as regras do Artigo 6 do Acordo de Paris, que permite o comércio internacional de créditos.
O Brasil tenta agora assumir a liderança nesse processo, posicionando-se como articulador entre países desenvolvidos e emergentes e como destino estratégico para investimentos verdes.
A coalizão deve lançar, até o fim da COP30, um plano de trabalho conjunto com metas para uniformizar métricas de medição, verificação e reporte de créditos, além de mecanismos de governança e auditoria.
A proposta da COP30 de criar uma coalizão para integração de mercados de carbono representa, politicamente, um passo estratégico para o Brasil se reposicionar como interlocutor global no clima, ao mesmo tempo em que desafia o atual protagonismo da European Union no desenho das regras climáticas.
Economicamente, a iniciativa pretende aumentar a liquidez e previsibilidade dos créditos de carbono, abrindo caminho para investimentos mais substanciais em tecnologias de baixa emissão e na restauração florestal, e também para a imposição de ajustes sobre importações mais intensivas em carbono, o que pode afetar cadeias produtivas internacionais.
Contudo, o sucesso dependerá da qualidade dos créditos, da capacidade de monitoramento e verificação, e da participação voluntária de grandes emissores, sem os quais o mecanismo pode virar “mais uma troca de papéis do que empenho real de transformação”, como alertam especialistas.
Sem poder entrar nos Estados Unidos, Barroso já tem um novo refúgio internacional
Michelle é a favorita do bolsonarismo contra Lula em 2026, diz pesquisa
COP30 começa com um ‘bode na sala’ para Lula
Qual será o período mais crítico de chuvas em São Paulo hoje, segundo a previsão
Assombração? Plenário do Senado tem dois senadores feridos em questão de horas







