MapBiomas lança ferramenta inédita para monitorar a recuperação de áreas degradadas no Brasil
Sistema mostra que 80% das áreas com obrigação de recuperação estão na Amazônia e 12% no Cerrado; Pará e Mato Grosso lideram
O Brasil passa a contar, a partir desta semana, com uma ferramenta inédita para acompanhar a recomposição de áreas degradadas e alteradas em todo o território nacional.
Lançado pela rede MapBiomas, o Monitor da Recuperação reúne pela primeira vez uma base consolidada de dados sobre regiões com compromissos ou obrigações de recuperação da vegetação nativa, um passo considerado crucial para medir o avanço real da restauração ambiental no país.
Disponível gratuitamente na internet, a plataforma permite visualizar e cruzar informações sobre áreas embargadas por desmatamento, projetos de restauração ecológica e iniciativas voluntárias de recomposição florestal.
O objetivo é ampliar a transparência e facilitar o acompanhamento público de um tema cada vez mais estratégico para o cumprimento das metas climáticas brasileiras.
“O monitor atende a uma demanda antiga da sociedade. Pela primeira vez, é possível observar, em um só sistema, onde estão as áreas com compromissos de recuperação e qual é o estágio de regeneração da vegetação”, explica Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.
6,9 milhões de hectares sob compromisso de recuperação
Em sua primeira versão, o Monitor da Recuperação analisa 6,9 milhões de hectares de áreas com algum tipo de obrigação ou compromisso ambiental entre 2000 e 2025.
A maior parte desses territórios — cerca de 64,8% — vem de embargos federais e estaduais registrados pelo Ibama e por secretarias de meio ambiente de estados como Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Pará e Piauí.
Os dados mostram que 80% das áreas monitoradas estão na Amazônia e 12,1% no Cerrado, dois biomas que concentram tanto o maior desmatamento recente quanto as maiores oportunidades de regeneração.
O Pará (37,8%) e o Mato Grosso (20%) lideram o ranking de estados com mais compromissos de recuperação.
Vegetação em recuperação e desafios
O levantamento mostra que 23% das áreas analisadas apresentam compatibilidade com padrões de recuperação, ou seja, sinais consistentes de regeneração da vegetação nativa.
Outras 11% ainda não mostram esse padrão, enquanto o restante permanece em situação inconclusiva, casos em que os dados ainda são insuficientes para definir se há recomposição efetiva.
A análise é feita a partir da série histórica de imagens de satélite Landsat e dos mapas anuais de cobertura e uso da terra do MapBiomas (Coleção 10), que permitem comparar o vigor da vegetação entre o ano do compromisso e 2024.
“A regeneração pode ser observada quando há um aumento gradual do índice de vegetação ao longo do tempo, indicando o retorno da vitalidade da floresta”, explica Kenia Mourão, coordenadora do Monitor e da equipe de Agricultura no MapBiomas.
Restauração ecológica ganha espaço antes da COP30
O lançamento ocorre em um momento em que a restauração florestal ganha protagonismo nas discussões ambientais internacionais.
Segundo o Observatório da Restauração e Reflorestamento, o Brasil já possui mais de 13 milhões de hectares em diferentes estágios de recuperação, impulsionados por políticas públicas, programas corporativos e compromissos voluntários.
Projetos como o Arco da Restauração, no Pará, e o Conservador da Mantiqueira, que atua em áreas de nascentes da Serra da Mantiqueira, são exemplos de iniciativas que têm demonstrado resultados concretos em escala local, combinando recuperação ecológica, geração de renda e adaptação às mudanças climáticas.
A expectativa é que o tema ganhe ainda mais relevância na COP30, que será realizada em 2025, em Belém (PA).
O governo brasileiro pretende apresentar novas metas de restauração de biomas e discutir mecanismos financeiros para ampliar o alcance de projetos de recomposição florestal, considerados essenciais para cumprir o compromisso de zerar o desmatamento até 2030.
“Ferramentas como o Monitor da Recuperação serão fundamentais para demonstrar transparência e resultados concretos diante da comunidade internacional”, afirma Azevedo.
Com a nova plataforma, o país dá um passo importante para transformar o discurso de recuperação ambiental em números verificáveis — e, mais do que isso, em uma política de Estado capaz de reconciliar o Brasil com suas florestas.
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