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‘Descarbonização no campo exige políticas contínuas e infraestrutura’ diz Bruno Lucchi da CNA

No Fórum Agro VEJA, avanços da agricultura tropical ganham destaque no agronegócio brasileiro em discurso da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Por Carolina Ferraz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 nov 2025, 12h22 - Publicado em 24 nov 2025, 12h09
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A primeira edição do Fórum Agro, organizado por VEJA nesta segunda-feira, 24, na Casa Fasano, em São Paulo, abriu espaço para debates que mostram como o agronegócio brasileiro tem se consolidado como ator central nas discussões globais sobre clima, competitividade e sustentabilidade. Entre os painéis, um dos mais aguardados foi Como o agronegócio brasileiro está impulsionando a descarbonização, conduzido por Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que apresentou uma radiografia das fortalezas, desafios e urgências da atividade no país.

O diretor destacou a relevância dos dados apresentados pela Embrapa, que mostram que 65,3% da vegetação nativa do país permanece intacta, sendo que 29% desse total está dentro de propriedades rurais. O desempenho produtivo da pecuária e das lavouras também foi citado como prova de eficiência ambiental: “Nos últimos 35 anos, aumentamos a produção de carne em mais de 220%, ao passo que reduzimos a área de pastagem em 16%. A produção de grãos multiplicou por seis nos últimos 50 anos, enquanto a área plantada cresceu apenas 2,2 vezes.”

Lucchi também enfatizou a transformação do setor com base em tecnologia e ciência tropical, mencionando o impacto positivo da participação brasileira na COP. Segundo ele, muitos brasileiros e estrangeiros ainda desconhecem a eficiência da agricultura tropical. “Ficaram abismados com o tamanho da raiz da braquiária”, contou. “É isso que muitos precisam ver na prática para entender o que a gente fala das três safras.” Mesmo com avanços expressivos, o executivo ressaltou entraves que limitam o ritmo da descarbonização no campo. O primeiro deles é o financiamento: “Se nós queremos acelerar essa mudança, precisamos de recursos com juros acessíveis e disponibilidade de tempo ao produtor. Hoje ainda há muita burocracia e morosidade, e isso dificulta o avanço.”

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O debate sobre desmatamento também ocupou parte importante de sua fala. Bruno Lucchi reforçou que a legislação brasileira já define claramente onde é possível abrir área, mas que estimular a expansão de fronteira não deve ser o caminho. “Ninguém está pregando o desmatamento. Existe uma lei que permite abrir área, mas não devemos incentivar isso. Precisamos buscar incentivos, não punições, para que ele não abra novas áreas e consiga entregar valor com o que já tem.”

Ao tratar da Amazônia, o diretor foi enfático: a região enfrenta gargalos estruturais que comprometem tanto sua produção quanto sua competitividade. “Falta segurança jurídica, falta regulação fundiária, falta política pública e falta incentivo”, disse. Ele exemplificou com o caso de uma produtora de geleia de bacuri da Transamazônica, que leva 30 dias para enviar seu produto ao Rio Grande do Sul e não consegue instalar câmaras frias por falta de energia adequada, apesar de possuir certificação orgânica. “A logística inviabiliza a produção. Para discutir desmatamento, precisamos primeiro discutir desenvolvimento”, completou.

O setor já acumula ganhos robustos em eficiência ambiental, mas ainda enfrenta gargalos históricos, de crédito à infraestrutura, que impedem produtores de todos os portes de acessar plenamente as oportunidades da economia verde. A mensagem central do painel é clara: para que o Brasil consolide sua liderança climática, será necessário alinhar políticas públicas, inovação e segurança jurídica de forma contínua, permitindo que a sustentabilidade deixe de ser exceção e se torne prática dominante em todo o campo brasileiro.

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