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Delegação paralela dos EUA leva mais de 100 líderes à COP30 e expõe vácuo de comando climático em Washington

Delegação de governadores e prefeitos tenta preservar a influência climática do país na COP30 e ocupar o vácuo deixado pelo recuo de Washington

Por Ernesto Neves, de Belém
Atualizado em 10 nov 2025, 16h47 - Publicado em 10 nov 2025, 15h50

Em meio ao enfraquecimento das políticas climáticas federais nos Estados Unidos, governadores e prefeitos americanos articulam uma demonstração de força na COP30, em Belém.

Mais de cem autoridades locais, entre governadores, prefeitos e altos funcionários estaduais, desembarcarão no Brasil em novembro para ocupar o espaço deixado pelo governo central e tentar preservar a influência internacional do país nas negociações climáticas.

A missão, organizada por três das principais redes de ação dos EUA — America Is All In, Climate Mayors e U.S. Climate Alliance — será liderada pelo governador de Wisconsin, Tony Evers; pela governadora do Novo México, Michelle Lujan Grisham; pela ex-chefe da EPA e ex-conselheira climática da Casa Branca Gina McCarthy; e pela prefeita de Phoenix, Kate Gallego, vice-presidenta do C40 e presidenta da Climate Mayors.

Também é esperado o governador da Califórnia, Gavin Newson, expoente da oposição democrata a Donald Trump.

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A presença numerosa e de alta hierarquia tem um objetivo explícito: convencer parceiros internacionais de que parte significativa dos Estados Unidos continua comprometida com o Acordo de Paris, apesar de mudanças e retrocessos em políticas federais recentes.

Estados e cidades tentam ocupar o vácuo federal

O grupo chega ao Brasil com o discurso de que os avanços domésticos, de corte de emissões à geração de empregos em energia limpa — estão ocorrendo graças a políticas locais e estaduais, não a ações do governo central.

“Os estados sempre foram laboratórios das soluções climáticas mais inovadoras”, afirmou o governador Tony Evers, ao anunciar a delegação. Segundo ele, o conjunto de governos locais pretende mostrar que, “independentemente dos obstáculos”, os esforços continuam.

A ex-conselheira climática Gina McCarthy foi ainda mais direta: quando o governo federal “falha em agir no melhor interesse do país”, disse, a coalizão America Is All In assume a liderança e organiza quem “está pronto e disposto a cumprir as promessas feitas ao povo americano e aos parceiros internacionais”.

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A retórica expõe, sem citar explicitamente, o desacordo crescente entre autoridades estaduais e a guinada federal recente da política climática dos EUA — contexto que fortalece a estratégia de projeção internacional dessas redes subnacionais.

Prefeitos reforçam discurso de pragmatismo

A ala municipal da delegação, que inclui mais de 35 prefeitos de 26 estados, aposta em uma narrativa de resultados tangíveis: redução de tarifas de energia, proteção de recursos hídricos e adaptação urbana.

“Cidades americanas sempre estiveram na linha de frente da ação climática”, disse a prefeita de Phoenix, Kate Gallego. Segundo ela, prefeitos “dobram a aposta” diante da falta de liderança em Washington.

Agenda intensa

Além das lideranças eleitas, três importantes arquitetos da política climática norte-americana — Todd Stern, Trigg Talley e Genevieve Maricle — acompanharão a missão para oferecer suporte técnico nas negociações.

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A movimentação ocorre poucos dias após integrantes das redes terem se reunido com André Corrêa do Lago, presidente da COP30, e com Ana Toni, diretora executiva do evento. No encontro, as autoridades americanas reforçaram que continuam engajadas na governança climática global.

A U.S. Climate Alliance, formada em 2017 justamente em reação ao recuo federal na política climática, reúne hoje 24 governadores que representam 60% da economia americana e mais da metade da população do país. Dados apresentados pela própria coalizão indicam que, já em 2023, o grupo havia reduzido emissões em 24% em relação a 2005, enquanto crescia economicamente.

Pressão diplomática indireta

A ofensiva das autoridades estaduais e municipais tem um efeito político evidente: transmitir ao restante do mundo a mensagem de que “os EUA”, ou ao menos parte deles, seguem comprometidos com o Acordo de Paris.

É também uma forma de evitar que a posição do governo federal isole o país nas negociações internacionais, sobretudo diante de iniciativas recentes da União Europeia e da China para consolidar novas lideranças climáticas.

Para o Brasil, anfitrião da COP30, a delegação reforça um alinhamento histórico: governadores e prefeitos dos EUA têm sido interlocutores importantes para cooperação econômica e ambiental, inclusive em temas como descarbonização urbana e transição energética.

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