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O papel da carne na evolução humana

Por Natalia Cuminale e Marina Dias
12 ago 2009, 15h54

Entre as razões para defender o fim da ingestão de carnes, os vegetarianos apresentam uma apoiada na história de nossa espécie: o consumo desse item não é mais vital ao ser humano, como foi para nossos ancestrais. Não estão errados ao apresentar esse argumento. Cabe lembrar, contudo, que a carne de fato teve papel fundamental na evolução.

O consumo dos produtos de origem animal pode ter contribuído para o crescimento acelerado da massa cerebral humana, devido à grande quantidade de nutrientes e proteínas encontrada ali, explica Rui Murrieta, professor de antropologia do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). A dieta dos antigos não era exclusivamente carnívora: a alimentação era mais parecida com a dos grandes macacos, que comiam frutas, tubérculos e sementes. “A carne era um complemento à alimentação diária, obtida por meio da rapinagem (apropriação da caça de outros predadores) ou da caça de pequenos animais”, diz.

Murrieta explica que a carne não é mais indispensável à espécie porque, atualmente, podemos obter uma alimentação rica em proteína a partir de outras fontes. “Nossos ancestrais distantes não sabiam plantar, não tinham conhecimento e nem recursos para obter proteína e nutrientes necessários: até 10.000 ou 12.000 anos atrás, antes da revolução agrícola, éramos caçadores e coletores”, conta o professor.

O homem possui um sistema digestivo onívoro – um modelo que se localiza entre o do leão e o da vaca, em termos evolutivos -, capaz de digerir a carne com muita eficiência. Por outro lado, ele é capaz de se adaptar facilmente a uma dieta vegetariana.

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Prazeres da carne – Não é possível precisar o momento exato em que o homem passou a ingerir carne, diz a antropologia. Porém, é provável que nossos ancestrais tenham começado a consumir o produto há pelo menos dois milhões de anos. As ferramentas usadas na época, descobertas por escavações arqueológicas, deixam claro que era possível esmagar ossos e aproveitar o tutano – substância de alta concentração de gordura encontrada dentro dos ossos e rica em nutrientes.

“Mesmo sem esse tipo de ferramenta, é possível que nossos ancestrais já tivessem carne em suas dietas há 4 ou 5 milhões de anos”, afirma Murrieta. “Os babuínos, por exemplo, caçavam sem uso de pedra. A ferramenta seria utilizada para esmagar os ossos e consumir o tutano, mas não precisava ser necessariamente lascada”, relata. Outra informação importante que vem do passado e sugere que a carne fazia parte do prato na Pré-história: nossos ancestrais possuíam muito mais força no aparato dentário, o que facilitava a mordida e não exigia necessariamente o corte.

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