Droga usada contra o diabetes pode prevenir a síndrome do ovário policístico

A metformina, quando ministrada de maneira precoce em adolescentes, consegue retardar ou mesmo prevenir a síndrome

Por Da Redação
30 jun 2011, 14h50

Síndrome do ovário policístico: entre os sintomas mais comuns do problema estão a acne, o aumento de pelos pelo corpo, a obesidade, as irregularidades no ciclo menstrual e a infertilidade (Thinkstock/VEJA/VEJA)

Uma pesquisa publicada no The Endocrine Society’s Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM) descobriu que a metformina, droga usada contra o diabetes, pode ser útil também contra a síndrome do ovário policístico (SOP). Segundo o estudo, quando o medicamento é usado em tratamentos precoces e prolongados em adolescentes, ele consegue prevenir ou mesmo retardar o desenvolvimento da síndrome.

A síndrome do ovário policístico afeta de 7% a 10% das mulheres em idade fértil, sendo a principal causa de infertilidade feminina e um dos motivos mais comuns da irregularidade menstrual e da amenorreia secundária (ausência da menstruação por mais de três meses). “A SOP aparece geralmente na adolescência, com ciclos menstruais irregulares, acnes ou muitos pelos no corpo”, diz Lourdes Ibáñez, professor de pediatria na Universidade de Barcelona e coordenadora do estudo.

Segundo a especialista, acredita-se que o período crítico para o aparecimento da síndrome seja na infância e na puberdade, quando quantidades excessivas de gordura são armazenadas no corpo. “Esse ganho extra de peso leva a uma superexposição dos ovários à insulina, fazendo com que parem de ovular e comecem a liberar hormônios masculinos. Isso leva à SOP”, diz Lourdes.

No estudo, 38 meninas que nasceram com baixo peso e tiveram puberdade precoce foram divididas em dois grupos: um recebeu tratamento tardio com metformina e o outro tratamento precoce com a mesma droga. Descobriu-se, então, que o tratamento precoce conseguiu impedir ou atrasar o desenvolvimento da SOP.

“A metformina, quando ministrada na adolescência, pode ter a capacidade de reprogramar o metabolismo fazendo com que haja menos acúmulo de gordura no abdome e no fígado”, diz Lourdes. Para a especialista, a descoberta pode ser um passo importante na prevenção do problema. “O tratamento, em adolescentes, poderá ser feito com indicações de dietas, atividades físicas e doses de metformina”, diz.