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Ensino a distância: a lição de casa para o Brasil

Uma pesquisa da Fundação Victor Civita mostra melhoras nos cursos superiores a distância, mas ainda há muito por fazer

Por Gabriela Romero
29 jul 2012, 11h14

“Não dá para deixar o aluno por si só o tempo inteiro. É preciso fazer uso constante da tecnologia para conectá-lo ao professor”, alerta a doutora em educação Elizabeth Almeida

Os cursos universitários a distância costumavam ser tão malvistos na academia brasileira que ganharam o apelido de “supletivos de smoking”. Lutava-se contra a sua regulamentação, que só se deu em 1996. A má fama dessa modalidade em que o aluno se forma praticamente sem ir à universidade – já tão disseminada em países de educação de alto nível – persiste até hoje no Brasil. Em parte, pela resistência de uma turma aferrada à velha ideia de que ensino bom, só na sala de aula. Mas também pelo desconhecimento que ainda paira sobre esses cursos. Uma nova pesquisa, conduzida pela Fundação Victor Civita, retirou um conjunto deles dessa zona de sombra, produzindo um estudo que rastreou as fragilidades e o que dá certo e pode ser exemplar para os demais. Durante cinco meses, os especialistas analisaram os cursos de oito faculdades (públicas e particulares) que oferecem graduação a distância em pedagogia, a área que, de longe, atrai mais alunos – quase 300 000. O retrato que emerge daí ajuda a desconstruir a visão de que esses cursos fornecem educação superior de segunda classe. Em alguns casos, eles já chegam a ombrear com tradicionais ilhas de excelência. Mas, no geral, resta muito que avançar.

À luz das boas experiências, não há dúvida sobre os caminhos que elevam o nível. Os melhores cursos souberam implementar o mais básico. “Não dá para deixar o aluno por si só o tempo inteiro. É preciso fazer uso constante da tecnologia para conectá-lo ao professor”, alerta a doutora em educação Elizabeth Almeida, coordenadora da pesquisa. Isso significa, por exemplo, usar a internet para envolver os estudantes em debates liderados por um mestre que, se bem treinado, pode alçar a turma a um novo patamar. No panteão das boas graduações a distância, chats, fóruns e trabalhos colaborativos são constantes, o que ainda não é tão comum para a maioria. Outra fragilidade brasileira diz respeito ao tutor, profissional que deve tirar as dúvidas dos estudantes e guiá-los nos desafios intelectuais. Muitos aqui não estão preparados para a função, como enfatiza a pesquisa. Os casos bem-sucedidos indicam ainda a relevância de o aluno não ir à faculdade apenas para fazer prova ou assistir a aulas esporádicas nas telessalas, como é usual. Ele precisa ser também incentivado a visitar à vontade a biblioteca e os laboratórios.

No Brasil, os cursos de graduação a distância eram oferecidos por instituições pequenas e pouco conhecidas até uma década atrás. Hoje, esparramaram-se pelas grandes, já atendem 930 000 estudantes e vão absorver quase um terço dos universitários até 2015 – proporção semelhante à dos países da OCDE. São números que reforçam a premência da busca pela excelência. Nos cursos de pedagogia avaliados, foram detectados os mesmos problemas que têm feito desta uma das áreas de pior desempenho em todo o ensino superior brasileiro. Sobram teorias de pouco ou nenhum uso e falta falar sobre o que e como ensinar. Quem resolver essa equação – na sala de aula ou a distância – estará dando o decisivo passo para superar a mediocridade.

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