PIB avança 0,6% no 3º trimestre, diz IBGE
Resultado é ainda mais baixo do que previa o ministro da Fazenda, Guido Mantega
A economia brasileira cresceu 0,6% no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A soma de todas as riquezas produzidas pela economia do país entre julho e setembro ficou em 1,098 trilhão de reais. O anúncio fica abaixo da expectativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que na quinta-feira afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deveria registrar crescimento de 1% no terceiro trimestre – valor que o próprio ministro classificou como “nada espetacular”, ou seja, fraco.
O resultado fica abaixo também da previsão do mercado financeiro. Analistas de bancos e consultorias econômicas apostavam em elevações entre 1% e 1,2%. Segundo o IBGE, a expansão do PIB na comparação com igual período do ano anterior foi um pouco mais expressiva, de 0,9%. No acumulado do ano até setembro, o avanço perfaz 0,7%. A projeção fixada pelos analistas ouvidos pelo Banco Central na pesquisa Focus é de que o Brasil chegará ao final de 2012 com um “pibinho” de cerca de 1,5%.
Aceleração – É preciso destacar, no entanto, que o desempenho, ainda que decepcionante para as ambições do governo, mostra uma tendência de aceleração no ritmo da economia. Nos primeiros três meses do ano, o PIB cresceu só 0,2%. No segundo trimestres, o PIB brasileiro cresceu menos do que o divulgado na ocasião, uma vez que o IBGE revisou o dado nesta sexta-feira, passando-o de 0,4% para 0,2%, e reduzindo ainda mais a perspectiva para a economia no acumulado de 2012. Sobre o desempenho de 2011 todo, o IBGE manteve o crescimento de 2,7%.
Esta ligeira aceleração no terceiro trimestre, segundo analistas, está diretamente relacionada às medidas de estímulo, calcadas, sobretudo, numa série de desonerações fiscais promovidas pelo Palácio do Planalto – que deve encerrar 2012 abrindo mão de nada menos que 45 bilhões de reais.
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Indicador antecedente – O resultado surpreendeu o mercado. Segundo relatório do Banco Pine enviado a clientes, era possível antever pelos dados do índice de atividade do banco central (IBC-Br) – considerado prévia do PIB – uma variação de pouco mais de 1% no terceiro trimestre. Como fator que ainda subtrai forças para que a economia empreenda um desenvolvimento mais vigoroso, a instituição financeira destaca no documento a fraca recuperação da atividade industrial. Os dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira apontaram queda de 0,9% na comparação com o terceiro trimestre de 2011, mas alta de 1,1% em relação ao período de abril a junho, o que mostra uma tendência de melhora desse indicador.
Já o consumo das famílias cresceu 3,4% na comparação trimestral e 0,9% na anual. O governo também consumiu mais nos meses de julho a setembro de 2012 do que em 2011 – houve alta de 3,2% nesta base de comparação, mas de 0,1% na anual.
Mas, foi a agropecuária que mostrou o maior vigor do terceiro trimestre e se destacar dos demais indicadores do PIB, ao subir 3,6% em relação ao mesmo intervalo de 2011 e crescer 2,5% em comparação ao segundo trimestre. O setor de serviços não variou na comparação trimestral, mas teve alta de 1,4% na anual.
Investimentos – Outro fator muito lembrado pelos analistas nos últimos meses é a debilidade da formação bruta de capital fixo – a FBCF, ou o total da produção industrial doméstica de bens de capital mais importações menos as exportações destes produtos. Essa é uma medida dos investimentos realizados na expansão da capacidade produtiva interna.
Com um PIB demorando a engatar e as expressivas incertezas no cenário internacional, sobretudo na Europa e agora nos Estados Unidos (que corre o risco de ser afetado pelo chamado ‘abismo fiscal’), o investidor continua a segurar os investimentos em projetos futuros. Com isso, a aposta dos analistas era um recuo, pelo quinto trimestre consecutivo, da FBCF, o que foi confirmado pelos dados do IBGE. A FBCF recuou 5,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2011 e ainda caiu 2% na passagem entre segundo e terceiro trimestre.
A reação pífia dos investimentos privados e públicos levou o Itaú Unibanco a prever, em seu último relatório um crescimento menor no quarto trimestre do ano. Na comparação com os três meses anteriores, a alta esperada é de apenas 1%.