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Marte tinha atmosfera rica em oxigênio há quatro bilhões de anos, diz estudo

Dado pode explicar diferenças de composição química entre meteoritos que se formaram no planeta e algumas rochas de sua superfície

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h19 - Publicado em 21 jun 2013, 12h46

Muito do que se sabe sobre a composição química e a evolução de Marte vem do estudo dos meteoritos que se formam no planeta e acabaram caindo na Terra. Porém, análises de rochas da superfície de Marte feitas pelo robô Spirit revelaram que elas têm uma composição química muito diferente: amostras da cratera Gusev têm cinco vezes mais níquel do que os meteoritos.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Volcanism on Mars controlled by early oxidation of the upper mantle

Onde foi divulgada: periódico Nature

Quem fez: J. Tuff, J. Wade e B. J. Wood

Instituição: Universidade de Oxford, no Reino Unido

Resultado: A diferença na quantidade de níquel presente nos meteoritos formados em Marte que caíram na Terra e as rochas da cratera Gusev, estudadas pelo robô Spirit, se deve ao fato de a atmosfera do planeta ter sido rica em oxigênio, há quatro bilhões de anos.

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Um estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature pode ajudar a entender melhor esse fenômeno. Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, sugerem que as diferenças encontradas entre os meteoritos e as rochas examinadas pelo robô Spirit, na superfície do planeta, podem ser explicadas pelo fato de que Marte possuía uma atmosfera rica em oxigênio quatro bilhões de anos atrás – mais de um bilhão de anos antes de a Terra desenvolver uma atmosfera rica nesse tipo de gás.

Os dois tipos de rochas são basaltos, formados a partir do magma de vulcões, mas os meteoritos são muito mais jovens, de 180 milhões a 1,4 bilhão de anos, enquanto as rochas da cratera Gusev têm mais de 3,7 bilhões.

Ambiente rico em oxigênio – A quantidade de níquel presente nas rochas é um dos indicadores dos níveis de oxigênio presentes na atmosfera. Isso porque, quando há pouco oxigênio na atmosfera, o níquel fica estável, e não é eliminado junto com o magma, de forma que fica presente em menor quantidade nas rochas que se formam a partir do resfriamento desse magma. Quando há uma alta concentração de oxigênio na atmosfera, porém, o níquel fica instável. Dessa forma, ele derrete mais facilmente e é expelido junto com o magma, indo parar em maior quantidade na composição das rochas.

“O que nós mostramos é que tanto os meteoritos quanto as rochas vulcânicas da superfície apresentam origens semelhantes, no interior do planeta, mas as rochas da superfície vêm de um ambiente mais rico em oxigênio”, explica Bernard Wood, professor do departamento de Ciências da Terra da Universidade de Oxford e principal autor do estudo.

Os pesquisadores sugerem que a matéria presente na superfície, rica em oxigênio, teria sido levada para o interior do planeta, em um processo conhecido como subducção, no qual parte da superfície é “puxada” para o interior. De acordo com Wood, esse processo é semelhante ao que acontece na Terra, em zonas nas quais as placas tectônicas se infiltram umas sob as outras. Essa matéria seria, então, trazida de volta à superfície durante erupções vulcânicas há quatro bilhões de anos. Os meteoritos, por sua vez, são rochas vulcânicas mais recentes, que se originaram de partes mais profundas do planeta e, por isso, sofreram menos influência desse processo.

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“Isso significa que Marte tinha uma atmosfera rica em oxigênio há cerca de 4 bilhões de anos, muito antes do surgimento do oxigênio na atmosfera terrestre, por volta de 2,5 bilhões de anos atrás. Como é a oxidação que dá a cor avermelhada a Marte, é provável que o planeta vermelho tenha sido úmido, quente e enferrujado bilhões de anos antes de a atmosfera terrestre se tornar rica em oxigênio”, afirma Wood.

Vida? – A presença de oxigênio na atmosfera, porém, não é um indício definitivo de que tenha existido vida no planeta vermelho. Os pesquisadores acreditam que, na Terra, o oxigênio da atmosfera tenha se formado a partir da ação de microrganismos fotossintetizantes, mas é possível que em Marte esse gás tenha se formado a partir de uma reação química na atmosfera.

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