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CERN busca origem do Universo com detector de partículas

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h29 - Publicado em 26 jul 2012, 10h19

Marta Hurtado.

Genebra, 26 jul (EFE).- Uma das primeiras experiências de todo astronauta é ver flashes atravessarem seu corpo, inclusive com os olhos fechados – são os raios cósmicos, uma radiação cuja origem é desconhecida, mas que o detector de partículas AMS, instalado na Estação Espacial Internacional, pretende desvendar.

‘Há 11 anos, quando fiz minha primeira viagem espacial, me surpreendi ao ver alguns flashes atravessando minhas pupilas, meu corpo. A partir desse momento me interessei pelos raios cósmicos, e estou muito feliz de ter participado de uma experiência para conhecê-los um pouco melhor’, explicou nesta quarta-feira, em entrevista coletiva, Mark Kelly, comandante que tripulou a última viagem da nave espacial Endeavour, da Nasa.

Nessa viagem, feita em 16 de maio de 2011, Kelly e os outros cinco tripulantes transportaram o Espectrômetro Magnético Alpha (AMS), um detector de partículas criado pelo CERN (Centro Europeu de Física de Partículas) e instalado na Estação Espacial Internacional (ISS).

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Um ano depois, o AMS – construído com a colaboração de 600 cientistas de 16 países diferentes – transmitiu 18 mil eventos de fluxos de raios cósmicos do espaço ao centro de controle e operações do CERN.

‘O AMS foi o último instrumento a ser instalado na ISS, agora (a estação) está completa. Para mim, o AMS é seu experimento científico mais importante’, afirmou Kelly.

Iniciado justamente cem anos depois do físico austríaco Victor F.Heiss descobrir os raios cósmicos, o AMS tem como um de seus objetivos medir as propriedades da radiação cósmica.

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A órbita da ISS, localizada entre 370 e 420 quilômetros de altitude, elimina os efeitos das colisões com a atmosfera que mascaram a natureza e as propriedades da radiação cósmica.

‘O projeto proporcionará informações muito valiosas sobre a dose de radiação à qual seriam expostas as tripulações de futuras longas viagens espaciais’, explicou à Agência Efe o cientista Manuel Aguilar, do Centro de Pesquisas Energéticas, Ambientais e Tecnológica da Espanha (CIEMAT).

‘Calcula-se que só na ida a Marte, os astronautas estariam expostos à metade da dose de radiação letal para um ser humano’, acrescentou.

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Com os meios atuais, seriam necessários seis meses para chegar em Marte, mas apenas quatro dias no caso da ISS, levando em conta os períodos de adaptação da tripulação e as exigências de ajuste entre a nave e a estação espacial.

Outro desafio científico do AMS é determinar se existem restos da antimatéria que, segundo a teoria, tinha que existir para que ocorresse o ‘Big Bang’, momento da origem do Universo, há 13.700 anos.

‘O que nós exploramos é uma parte próxima da nossa galáxia, e lá não há traços de antimatéria. Mas não se pode esquecer que nossa galáxia é uma entre 100 bilhões, ainda há muito espaço para explorar’, lembra Aguilar.

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Apesar da ISS estar em uma distância máxima de aproximadamente 420 quilômetros da Terra, os cientistas esperam que o AMS detecte núcleos cósmicos de antimatéria que venham de muito mais longe e que sejam identificados graças à sua carga elétrica negativa.

‘E isso só se pode fazer criando um campo magnético, essa é a principal dificuldade no espaço’, disse o cientista espanhol.

É por essa razão que o AMS conta com um ímã permanente de grandes dimensões para medir o sinal da carga elétrica e a energia de cada uma das partículas que o atravessam.

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‘O AMS tem uma perfeita combinação com o LHC (Grande Colisor de Hádrons), um imenso acelerador de partículas. Ambos buscam descobrir onde está a antimatéria’, disse Rolf Heuer, diretor-geral do CERN.

A comunidade científica assume que 25% do Universo está composto de matéria escura, aquela que não emite nem absorve radiação electromagnética. Outro objetivo do experimento AMS é justamente detectá-la.

‘Supõe-se que no espaço há zonas com grandes densidade de partículas de matéria escura que se chocam e se anulam. Podemos detectar os restos desta anulação, que podem nos dar pistas’, afirmou, Aguilar.

Samuel Ting, líder do projeto AMS e Prêmio Nobel de Física em 1976, foi questionado sobre quando poderão ser obtidos resultados: ‘O mais tarde possível, para podermos estar seguros de o que encontramos é válido’.

Para que o Endeavour transporte o AMS, uma lei especial teve que ser aprovada no Congresso dos Estados Unidos, impulsionada pela deputada democrata Gabrielle Giffords, esposa de Kelly.

Seu marido e a tripulação se prepararam durante 2 anos para a viagem, e quase no final do processo, Giffords foi baleada durante um discurso na cidade de Tucson em um ataque que deixou seis mortos e 12 feridos. A deputada sobreviveu. EFE

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