Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

“A mente precisa de exercícios para evoluir”

O neurocientista Kent Kiehl defende que, assim como deficientes físicos necessitam de fisioterapia, doentes mentais, a exemplo de psicopatas, têm de trabalhar o cérebro para combater a doença

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2016, 14h46 - Publicado em 22 mar 2015, 08h54

Kent Kiehl, neurocientista americano da instituição Mind Research Network e da Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, é autor do livro The Psycopath Whisperer (sem tradução em português; 19 dólares na Amazon), resultado de vinte anos de estudo com psicopatas presos. Na entrevista a seguir, Kiehl explica como a psicopatia se desenvolve como uma característica genética e quais são os caminhos para combatê-la e, assim, diminuir seus efeitos.

Há quem nasce psicopata? Estudos recentes, como os que conduzi, sugerem que a maior parte das variantes para traços de psicopatia é genética. Um exemplo é a metodologia que faz uso de gêmeos. Normalmente, ambos os irmãos marcam a mesma pontuação, seja ela alta, ou baixa, no teste usado para identificarmos um psicopata. Com essa técnica, sabemos que ao menos 50% dos traços de psicopatia são relacionados ao DNA. Mas isso não é uma sentença definitiva para a vida, pois é maleável. Há várias oportunidades para remodelar as pessoas.

É possível diagnosticar um bebê como psicopata? Uma criança, sim. Existem psiquiatras que tentam identificar a doença em pacientes com 5 anos. Todos têm a esperança de que, mesmo no caso de um jovem que aparenta ser de alto risco para a sociedade, os pais possam buscar caminhos para resolver, ou ao menos aliviar, o problema se agirem cedo.

Como alguém consegue exercitar o cérebro para ir contra a genética? Assim como uma deficiência física precisa de fisioterapia, a mente necessita de exercícios. Partimos do princípio que a psicopatia tem a ver com redução de empatia e excesso de impulsividade. Então, desenvolvemos jogos de computador que estimulam a empatia e reduzem a impulsividade. O paciente ganha no game se conseguir esperar, planejar e pensar sobre as atitudes cuidadosamente. Esse tipo de trabalho reduz, em muito, os traços típicos desse desvio mental.

O psicopata consegue perceber sozinho que é um psicopata? Usualmente, não. Por sofrer de falta de empatia pelo outro, o psicopata não percebe como o seu modo de vida influencia as pessoas. Aliás, nem como ele afeta a própria vida. Durante o tratamento, porém, quando o psiquiatra explana sobre os atos do psicopata, ele consegue se reorientar para não repetir os erros. Temos de educar e treinar a mente do paciente.

Continua após a publicidade

Como fazer isso? A melhor opção é o reforço positivo. Ou seja, reduzir a punição e aumentar os agrados quando o paciente age corretamente. Pesquisas comprovam que essa estratégia é mais eficiente em indivíduos com essas características.

Quem tomaria essa atitude corretiva, baseada no incentivo, não na punição? Pais, professores, babás, quase todos do convívio do indivíduo podem agir. É preciso trabalhar com o paciente, principalmente quando é uma criança, em todos os momentos de sua vida. Cabe ao psiquiatra treinar aqueles que fazem parte da vida do psicopata.

É possível reinserir um psicopata na sociedade, mesmo um com histórico de crimes? Isso depende muito da linha filosófica e social do sistema criminal de cada país. Acredito que os dados falam por si. Sem planejamento, não dá. Exemplo: 80% dos prisioneiros voltam ao sistema penitenciário dentro de três a cinco anos se não passaram pelo devido tratamento psiquiátrico. O ponto da minha pesquisa é que, já que eles serão soltos depois de cumprirem as penas, devemos elaborar tratamentos, estudos, programas de monitoramento, tudo para minimizar as chances de essas pessoas voltarem a cometer crimes consequentes de escolhas erradas de suas mentes perturbadas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.